quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Ar fresco da montanha....


Meu novo emprego de garçom e, em seguida, de maître, ficava além de Decin, entre as montanhas. Quando me aproximei do hotel quase tive um choque: não se tratava de uma simples hospedariazinha, como eu esperava, mas era, ao contrário, uma minúscula cidade, ou uma grande vila, no meio de belos bosques e bucólicas fontes termais; aspirava-se ali um ar fresco que se podia colocar num cálice, bastava virar-se assim de cara contra aquela agradável corrente de ar e deglutir lentamente, como fazem os peixes com as guelras, e sentia-se bem claro e distinto o oxigênio misturado ao ozônio atravessar as brânquias, os pulmões, e as vísceras encherem-se lentamente como se, lá embaixo, antes de chegar aqui, num certo ponto, tivesse furado um pneu - e havia muito que estava furado - e só aqui, com este ar, ele se enchesse automaticamente até o número certo de atmosferas, para viajar não só com mais segurança mas também com mais prazer.


Bohumil Hrabal in Eu servi o rei da Inglaterra, Editora Best Seller, pág.127

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