terça-feira, 26 de junho de 2012

Consolo na praia





Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento…
Dorme, meu filho.



Carlos Drummond de Andrade in "Rosa do Povo"


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6 comentários:

Anônimo disse...

OLá querido amigo Frid.........aproveitarei essa poesia de Drummond para postar no Face......pode ?//// bjs ótima semana

Dulce

Metamorfose Ambulante disse...

Não só pode, como deve!!!! Drummond nunca é demais!!


Grande Abraço!!!!

Anônimo disse...

Veja quando puder o face, coloquei como sua contribuição.

Já calculou se revolver cobrar qualquer tipo de direito autoral rdrsrsrsrx
Bj

Dulce

Anônimo disse...

Lindo!

Margarida

Anônimo disse...

Mas Frid, quem disse que Eu quero chorar ?????????????
Já te falei que segunda não é dia de poesia !

Abraços, Galvão.

Metamorfose Ambulante disse...

Chorar, de vez em quando e sem motivo concreto, faz bem!!!

Ótima semana!!!