O livro conta a história de um oficial do Exército Brasileiro, revolucionário de primeira hora e ativo participante do combate aos opositores armados. O texto inicia-se em 1964, às vésperas da Revolução (ou do Golpe) Militar, recua até os pais dele, o casamento e a vida na aldeia em Portugal, a vinda do pai para o Brasil e depois de toda a família, retornando a 64 e indo até o início dos anos 70.
O primeiro capítulo do livro é duro de ler, pois num texto maçante o autor procura exaltar os feitos do militar, do exército, numa pregação militar-nacionalista anti-comunista. A própria orelha do livro destaca que "o leitor que alcançar o fim do Capítulo I, ficará ávido para ler o restante e acreditamos que não largará o livro, enquanto não terminar de lê-lo".
Entretanto, se o leitor consegue superar este malfadado capítulo, a história torna-se muito interessante a partir do segundo capítulo, abordando a vida numa aldeia no interior de Portugal na primeira metade do século XX. O autor mostra em detalhes como uma família pobre sobrevivia na época, seus trabalhos, comidas, bebidas, roupas, casas, desejos, as relações sociais e políticas (em plena ditadura do Salazar), o sonho de "fazer a vida" no Brasil, etc.
O autor apresenta notas de rodapé para explicar palavras que ele julga serem desconhecidas para os leitores. Seriam gírias e expressões cariocas, militares, portuguesas, etc. Seria louvável a intenção do autor se não fosse a total falta de critérios para escolher qual palavra destacar. Por exemplo, ele explica o que é "major". Precisa? Será que algum leitor não saberia que é uma patente de oficial de exército? O autor não explica que "capitão, coronel, general, etc." são patentes de oficiais do exército. Por que a fixação no "major"? Outras notas de rodapé desnecessárias: "com as calças na mão", "na moita", "titica", "cagão", "motorneiro", "filar", "porradas","pé direito", ... mas existem as úteis: guita, coiros, camisolas, coscoréis, etc.
Recomendo a leitura do livro para quem deseja conhecer como era a vida numa aldeia portuguesa na primeira metade do século XX e a vida de imigrantes no Rio dos anos 40, 50.
José FRID
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