Livro muito interessante pelo tema abordado - narcotráfico no México - e pela forma da narrativa: monólogo de um garoto, filho de um narcotraficante chefe de cartel, que está retido no palácio da família por questões de segurança.
O garoto tem pouco contato com o mundo exterior o que, aliado à pouca idade e experiência de vida, faz com que ele relate sua vida de forma muito peculiar, filtrando a violência externa pelos meios que dispõe. Violência cotidiana, para a qual é preparado pelo pai, que quer forjar um herdeiro preparado para assumir o cartel. Além de prepará-lo para a violência dos negócios, o pai tenta prepará-lo para a vida, por meio de professor particular muito culto, escritor, militante esquerdista e ex-dono de agência de publicidade.
Ele adora chapéus - tem uma coleção imensa - e usa um para cada ocasião. Como quase tudo é mistério na sua vida, o chapéu de detetive é muito usado, quando ele caminha pela mansão atrás de respostas. A mansão possui um zoológico com várias espécies de animais, inclusive leões e tigres, que ajudam a sumir com os inimigos...
A banalidade do mal é revelada pelos olhos do menino. Cabeças cortadas, corpos varados por balas, facadas, etc. nada emociona o garoto, que considera essas coisas meros fatos da vida. Por falar nisso, o menino admira os franceses pela forma que eles cortam as cabeças dos reis e rainhas...
O pequeno livro - pouco mais de setenta páginas de texto, com no máximo trinta linhas por página - foi publicado originalmente na Espanha e já traduzido na Alemanha, Reino Unido, França, Holanda e Brasil, etc. Será que faz jus a tanto sucesso?
Sim!! O livro vale a pena ser lido e traduzido para as diversas línguas. Leia!!!
O livro é bom, bem escrito, inovador e relata a relação de Julio e Emilia, do começo ao fim e mais um pouco, ou seja, a vida dos dois após o término do relacionamento. O estilo do escritor pega o leitor logo nas primeiras linhas e vai prendendo sua atenção até a última página.
O escritor conta todo o enredo logo no começo do livro: "No final ela morre e ele fica sozinho, ainda que na verdade ele já tivesse ficado sozinho muitos anos antes da morte dela, de Emilia. (...) No final, Emilia morre e Julio não morre.O resto é literatura." Mesmo sabendo a estória toda, o leitor não larga o livrinho, quer saber como as coisas aconteceram. Detalhes, detalhes, que o autor não sonega.
Leia!!
José FRID
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