Pássaros na boca – Samanta Schweblin, Benvirá, tradução de Joca Reiners Terron
Comprei este livro após ler duas resenhas sobre ele no Sabático (Estadão) e no Prosa & Verso (O Globo). Elas foram muito favoráveis, exaltando a maestria da autora, considerada "herdeira da literatura de realismo fantástico" de Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Julio Cortazar", elogiada por Mario Vargas Llosa e considerada pela Granta como uma dos 22 melhores escritores de língua espanhola da nova geração. Além disso, o livro em questão recebeu o prêmio "Casa de Las Américas" e já foi traduzido para 12 línguas!! E ela já ganhou duas bolsas literárias, indo agora passar um ano na Alemanha para escrever.
Com todos esses elogios, esperava um "livraço" extasiante!!! A frustração foi grande: apenas um livro médio, bom, nada de mais, nem de menos. Quem sabe no futuro ela atinja o nível dos escritores com os quais é comparada.
Os melhores contos têm temáticas surpreendentes ou surrealistas, com finais inesperados ou não conclusivos. Os piores são pura perda de tempo! A crítica menciona a "velocidade" do texto, mas não a detectei. A escritora, para mim, sai-se melhor nos contos mais longos.
Irman – Algumas sacadas interessantes, principalmente pela altura do garçom e as dificuldades dela decorrentes. Surpreende, de forma negativa, a reação de um dos protagonistas, completamente sem sentido no contexto do conto. O desenlace não tem qualquer interesse.
Mulheres desesperadas – Se o livro começou mal, agora melhora com esse segundo conto. Temática surpreendente e desenlace apropriado. Desespero puro!
Na estepe – Bom conto com final em aberto. O que seria que eles procuravam com rituais de fertilidade? Maestria no manejo do diversionismo puro!
Pássaros na boca – Ótimo conto. Como lidar com normalidade uma situação anormal. "Um homem comum e atual, um sujeito puro e organizado".
Perdendo velocidade – Homem-bala aposentado diz que está perdendo velocidade e morre. Nós é que perdemos tempo com esse conto ruim.
Cabeças contra o asfalto – Apenas curioso. Um homem nervoso e simples.
Rumo à alegre civilização – Muito bom. Parte de uma questão simples – falta de troco – para criar uma história muito interessante, com desdobramentos surpreendentes. Arrependidos? Bom controle do texto, mantendo o interesse do leitor até o fim.
O cavador – Coisa de doido. Inquilino encontra cavador que pensa que ele é quem encomendou o poço para um plano. Que plano? Que chefe? Que cavador? Tem que lidar com uma situação de puro "nonsense"!
A fúria das pestes – Conto ininteligível para mim. Que peste? Que fúria?
Sonho de revolução – Sonhada revolução alcoólatra. Conto fraco.
Matar um cão – Versa sobre o ritual de iniciação numa quadrilha violenta. Poderia ser ainda mais curto.
A medida das coisas – Conto bobo, mostrando um filho em conflito com a mãe dominadora, que se esconde em loja de brinquedo.
A verdade sobre o futuro – Bem construído. É o que acontece quando se acredita em ciganas. Todos menos ele acreditam, mas ele é quem sofre as conseqüências das previsões. Sinais, onde estão, o que significam?
A mala pesada de Benavides – Ótimo conto. Grande, mas todas as páginas são necessárias, pois precisa ser construída a troca da violência pela arte. Nonsense puro!
Conservas – Bom conto. Um aborto sui generes!
Meu irmão Walter – Um ser deprimido que faz com que as pessoas à sua volta se sintam felizes. E o leitor com isso?
Papai Noel dorme em casa – Ótimo! Surpreendente a presença do Papai Noel. Texto na visão de uma criança que espera um presente do Papai Noel.
Debaixo da terra – A ideia é boa, mas o conto fica sem desenlace.
José FRID
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