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domingo, 7 de agosto de 2011

Malandro carioca


Nem teimou, como lhe era vício quando atuando pelo Rio, em vender periquitos por papagaios aos turistas, matreirando que a ave pequenina cresceria com o tempo, chegando ao tamanho de um papagaio.


João Antônio in "Um Herói sem Paradeiro: vidão e agitos de Jacarandá, poeta do momento", Atual Editora, 1993

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Um Herói sem Paradeiro: vidão e agitos de Jacarandá, poeta do momento - João Antônio




Livrinho (62 páginas) com 7 contos, todos com personagem chamado Jacarandá. Um mendigo camelô, um empresário, um publicitário, um guardador de carros, um agricultor, um torcedor e um sonhador.

Pareceu-me, um pouco, o aproveitamento de textos anteriores. Não sei se é uma adaptação para o Primeiro Grau, público a que se destina a série do livro.


Achei os contos fracos, não estando à altura de outros  seus que já li, como os do  "Leão-de-chácara",  do "Malhação do Judas Carioca",  do "Ó Copacabana",  e do "Malagueta, Perus e Bacanaço".


Os mais bem resolvidos, no meu entendimento, são os três com os personagens mais populares - o mendigo, o guardador - o melhor deles -  e o torcedor.


O conto do publicitário é absolutamente sem graça. Faltou inspiração? O do empresário, consagrado a Millôr Fernandes, ficou muito desinteressante, uma crítica ao governo fora do lugar.


O conto do mendigo virador, que abre o livro, tem uma passagem muito boa, com uma esperteza do personagem junto aos turistas:

 "Nem teimou, como lhe era vício quando atuando pelo Rio, em vender periquitos por papagaios aos turistas, matreirando que a ave pequenina cresceria com o tempo, chegando ao tamanho de um papagaio."

No conto do guardador ele desenvolve bem o personagem, seu comportamento, sua vida, o meio ambiente e fecha magistralmente com a frase dita pelo personagem, paupérrimo, após ver um "bacana enternado, banhado de novo" sair no carro importado sem deixar gorjeta decente:


"- Xará, eu ganho mais dinheiro que ele. É que eu não saio do botequim.

Aí, foi para dentro do oco da árvore, encostou a cabeça e olhou a lua." 

Alcoólatra, mas plenamente consciente da origem da sua miséria. 


José FRID