
Livrinho (62 páginas) com 7 contos, todos com personagem chamado Jacarandá. Um mendigo camelô, um empresário, um publicitário, um guardador de carros, um agricultor, um torcedor e um sonhador.
Pareceu-me, um pouco, o aproveitamento de textos anteriores. Não sei se é uma adaptação para o Primeiro Grau, público a que se destina a série do livro.
Achei os contos fracos, não estando à altura de outros seus que já li, como os do "Leão-de-chácara", do "Malhação do Judas Carioca", do "Ó Copacabana", e do "Malagueta, Perus e Bacanaço".
Os mais bem resolvidos, no meu entendimento, são os três com os personagens mais populares - o mendigo, o guardador - o melhor deles - e o torcedor.
O conto do publicitário é absolutamente sem graça. Faltou inspiração? O do empresário, consagrado a Millôr Fernandes, ficou muito desinteressante, uma crítica ao governo fora do lugar.
O conto do mendigo virador, que abre o livro, tem uma passagem muito boa, com uma esperteza do personagem junto aos turistas:
"Nem teimou, como lhe era vício quando atuando pelo Rio, em vender periquitos por papagaios aos turistas, matreirando que a ave pequenina cresceria com o tempo, chegando ao tamanho de um papagaio."
No conto do guardador ele desenvolve bem o personagem, seu comportamento, sua vida, o meio ambiente e fecha magistralmente com a frase dita pelo personagem, paupérrimo, após ver um "bacana enternado, banhado de novo" sair no carro importado sem deixar gorjeta decente:
"- Xará, eu ganho mais dinheiro que ele. É que eu não saio do botequim.
Aí, foi para dentro do oco da árvore, encostou a cabeça e olhou a lua."
Alcoólatra, mas plenamente consciente da origem da sua miséria.
José FRID