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sábado, 16 de janeiro de 2010

Carta à Zilda Arns, uma grande mulher!!

Carta à Zilda Arns

Foi com muita tristeza que recebemos a notícia de tua morte, Zilda Arns. O mundo sentirá falta do teu incansável e valoroso trabalho, sobretudo o Brasil e os países pobres da América Latina, Caribe e África, com os quais você trabalhou com tanto empenho, levando a experiência da Pastoral da Criança.

Você foi uma figura emblemática, que capacitou milhares de mulheres do povo, no Nordeste, no Norte, desprovidas de qualquer assistência. Foi uma brasileira fantástica que pagou com a própria vida o seu compromisso de fé, deixando um grande exemplo de ação solidária, de amor ao próximo. Dedicou sua vida como médica à causa da Pastoral da criança e revolucionou a política pública de saúde infantil.

Trouxe a idéia de um programa interdisciplinar, de dimensão comunitária, que educa, forma, capacita famílias, mães e voluntárias para garantir a continuidade da assistência. Deu noções de saneamento, higiene e saúde e orientou as pessoas a enriquecerem a alimentação, exatamente com aquilo que existe na região.

Por essas e tantas outras coisas, é que tenho por você profunda gratidão, Zilda, além de grande carinho e respeito. E o mais bonito de tudo, é que você dedicou sua vida inteira ao trabalho social, e morreu em missão humanitária. Vai em paz Zilda. O Brasil sentirá tua falta. O mundo sentirá tua falta.

Luiza Erundina



quinta-feira, 19 de março de 2009

Campos nazistas de extermínio - O bispo que negou o Holocausto


Outro dia um bispo católico ultraconservador Richard Williamson foi expulso da Argentina por que declarou que o Holocausto não existiu, que não tinham morrido seis milhões de judeus, não existiam câmaras de gases, etc., ou seja, tudo não passara de uma "marolinha", só tinham morrido umas trezentas mil pessoas (!)

O Vaticano o advertiu sobre a questão e o transferiu com urgência para a Inglaterra. Instado por seus superiores, ele disse que só se retrataria, se fosse o caso, após verificar provas materiais sobre a questão.

Como precisasse!

Pela sua idade, ele é contemporâneo da 2ª guerra, deve ter conhecido os milhares de filmes, fotos, livros, reportagens, etc. feitos na ocasião - e ao longo de mais de sessenta anos, além de ter conhecido sobreviventes dos campos de extermínios.

Os maiores e mais tristemente famosos campos de extermínio foram preservados, incluindo os fornos crematórios, as câmaras de gases, etc. Basta ir lá e verificar o horror!

Ele disse que não visitaria os campos de extermínio, mas encomendaria um livro sobre as câmaras de gases.Passado um tempo, ele se retratou, dizendo que tinha chegado àquela conclusão por que não era historiador (!)

Estamos falando de uma pessoa culta, estudada, diretor de seminário, etc. Na verdade, no meu entendimento, ele deve fazer parte da parcela da Igreja Católica que se omitiu durante a barbárie nazista e, em alguns casos, até colaborou com o extermínio dos judeus.

Por coincidência, estava lendo por esses dias o livro "A escrita ou a vida", de Jorge Semprun, um sobrevivente de campo de extermínio.

O título do livro remete à dificuldade dele de recordar e escrever sobre seus dois anos de sofrimento no campo de concentração nazista. Ele concluiu que para conseguir viver, não poderia escrever sobre os anos de terror, sob pena de se suicidar ao final da escrita.

O livro foi escrito mais de quarenta anos depois da libertação do campo, quando ele considerou que já tinha condições de fazê-lo.

Nele ele conta a vida no campo de Buchenwald, um dos maiores (cabiam mais de 50 mil presos) e mais antigos da Alemanha, destinado a presos políticos, presos de guerra, judeus, etc. Tem os onipresentes fornos crematórios de presos, trabalhando vinte e quatro horas por dia, mas sem as câmaras de gases. Não precisavam: os presos morriam de fome, frio, doenças variadas, más condições de trabalho, torturas, fuzilamentos, etc.



Terrível!!!



Alguns trechos do livro:

"O primeiro indício que percebemos foi o estranho cheiro que com frequência nos chegava à noite, pelas janelas abertas, e que nos perseguia a noite inteira quando o vento continuava a soprar na mesma direção: era o cheiro dos fornos crematórios".


"Janelas abertas para o ar fresco da primavera que chegara, para os eflúvios da natureza. Momentos de nostalgia, de vazio na alma, na dilacerante incerteza da vida nova. E de repente, levado pelo vento, o estranho cheiro. Adocicado, insinuante, com relentos acres, propriamente repugnantes. O cheiro insólito, que se revelaria ser o do forno crematório".

""Ir embora pela chaminé, partir em fumaça" eram locuções habituais no jargão de Buchenwald. No jargão de todos os campos, não faltam testemunhos. Nós as empregávamos em todos os modos, em todos os tons, inclusive no do sarcasmo. Sobretudo, mesmo entre nós, pelo menos. Os SS e os contramestres civis, os 'meister', empregavam-nas sempre em tom de ameaça ou de previsão funesta."


"Eles não podem compreender, realmente não podem. Teria que contar-lhes a fumaça: densa às vezes, um preto de fuligem no céu variável. Ou leve e cinza, quase vaporosa, vogando ao sabor do vento sobre os vivos reunidos, como um presságio, um adeus".


"Fumaça para uma mortalha tão vasta quanto o céu, último vestígio da passagem, corpos e almas, dos companheiros."


O site Memory of the Camps trás fotos e filmes dos campos de extermínios. Só o bispo não viu!!

Esse bispo, por sinal, tinha sido excomungado pelo papa anterior.O atual cancelou a excomungação, antes dele falar suas bobagens.

Não era hora dele ser excomungado novamente?

Obrigado a visitar os campos de extermínio?

Conhecer um forno crematório por dentro?

O que acha disso o arcebispo de Recife?

José FRID

terça-feira, 1 de julho de 2008

Capitalista sofre, camaradas

JOÃO PEREIRA COUTINHO (Folha 1/7/08)


Capitalista sofre, camaradas


Gates não precisava doar parte da fortuna para saldar a sua dívida com a humanidade


SEMPRE QUE vejo alguém marchar contra o "capitalismo", pergunto honestamente se os manifestantes conhecem um "capitalista" de verdade.


A pergunta pode parecer ingênua. Não é, leitores. Marx escreveu abundantemente sobre a situação do proletariado no século 19 e, no entanto, o conhecimento real de Marx sobre as classes trabalhadoras era mínimo, para não dizer nulo.


O mesmo no século 21. Os manifestantes marcham contra o "capitalismo" e acreditam na imagem caricatural do capitalista, sentado sobre as costas do trabalhador e bebendo o suor deste com maléfico prazer. Eis o clichê das passeatas primitivas: as massas trabalham; o capitalista vive do trabalho alheio, de preferência brandindo o chicote.


Nada mais longe da verdade. Conheço vários capitalistas com certo grau de intimidade. E em nenhum momento invejo ou critico a vida dessa gente. Acordam a horas impróprias. Deitam-se a horas obscenas. São os primeiros a chegar à empresa e, normalmente, os últimos a partir.


Envelhecem prematuramente. E, envelhecidos, lamentam o tempo que perderam em reuniões inúteis, viagens inúteis e contatos com inúteis. O coração começa a ceder a partir dos 40. O primeiro infarto vem aos 45. A vida familiar é uma piada (de mau gosto).


E a competição própria do "métier" arruína o que existe de mais precioso na vida de um ser humano: a possibilidade de nos entregarmos ao ócio, à criação e ao prazer.


Como diria Albert Cossery, o último dândi, que morreu na semana passada em Paris e que construiu uma obra sublime ao ritmo de uma frase por dia, não existe nada mais triste do que a presença da beleza no mundo e a ausência de olhos para desfrutá-la.


Isso é vida que se inveje? Não creio. Mas é vida que se agradece. Por cada ruga, cabelo branco ou miocárdio pronto a explodir, existe o contributo objetivo do capitalista para a vida anônima de cada um. Não falo da criação de emprego e de riqueza. Falo dos nossos gestos mais ridículos do dia-a-dia: quando ligamos o carro, dispensando o cavalo; quando ligamos a luz, dispensando a vela lamparina; quando ligamos a internet, dispensando o pombo-correio, há sempre a marca de um capitalista por trás, que esteve disposto a bancar uma idéia e a aumentar os nossos confortos.


Por isso, levanto o meu copo no momento da despedida: três décadas depois, Bill Gates abandona a chefia da Microsoft para se dedicar a obras de caridade e à luta contra a malária. O gesto é nobre, sim: quem, em juízo perfeito, trocaria o egoís mo da riqueza pelo altruísmo de partilhá-la?


Mas Gates não precisava doar parte da fortuna aos desvalidos da Terra para saldar a sua dívida com a humanidade. A dívida foi saldada quando Bill Gates fez o que melhor soube: democratizar o computador, transformando irreconhecivelmente a vida de cada um.


Como? Primeiro, ao colocar computadores baratos nas casas do mundo. E, depois, ao fornecer um software simples e de linguagem praticamente universal, que transformou os nossos hábitos de trabalho.


No próximo século, quando se escrever a história deste, Bill Gates será relembrado como um visionário. Alguns críticos não toleram essa visão generosa e acusam Gates de práticas desonestas: o homem era um inimigo da concorrência; o homem não respeitava a propriedade intelectual alheia; o homem roubava idéias dos adversários que depois apresentava como suas.


Entendo os críticos. Mas é difícil acreditar neles. Existe na informática uma fluidez autoral que não é comparável com outras áreas do conhecimento e da criatividade humanas. Quem inventou o "mouse"? Quem inventou a "interface gráfica"?


Existem dezenas de candidatos ao lugar, e é provável que outras centenas, ou milhares, tenham dado o seu contributo numa cadeia interminável. Mas só um ocupa o topo do pódio na capacidade para juntar idéias dispersas e oferecer um sistema operativo comum.


O ódio a Bill Gates se explica com uma palavra bem arcaica e bem humana: inveja. A exata inveja que não tolera a história bem real do Tesouro norte-americano, que uns anos atrás se viu obrigado a alterar os impressos de declaração do imposto de renda porque não havia espaço para os dígitos da fortuna de Gates.


Mas não há que ter inveja, camaradas. Gates é um capitalista. E, como qualquer capitalista, ele merece a nossa pena e a nossa gratidão.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Cantando para não enlouquecer - Um exemplo de superação



Elza Soares, em seu livro "Cantando para não enlouquecer", narra sua história repleta de momentos de superação:


(por Kau Mascarenhas)



"Desarrumada e mal vestida, a menina negra, magra pela fome e não pela anorexia, desceu o morro carioca para tentar a sorte no programa de calouros de Ary Barroso. Era o momento áureo do rádio que, dos anos de 1930 a 1950, revelou grandes nomes da MPB.


Na fila de inscrições estavam lindas jovens bem vestidas e a menina favelada olhava para elas sem qualquer medo. Tinha apenas treze anos e já era mãe. Seu bebê estava doente e ela precisava fazer algo para conseguir algum dinheiro. No corredor os calouros aguardavam o chamado e em seguida entravam trêmulos.


- Elza Gomes da Conceição, sua vez! Após ouvir seu nome, a menina cruzou a porta do estúdio. Cerca de mil pessoas a aguardavam. O programa era o maior sucesso na época e no palco estava o grande Ary Barroso, autor de "Aquarela do Brasil", pois ele próprio acompanhava os calouros ao piano.


Ao ver a menina com no máximo 35 quilos, subindo ao palco completamente desengonçada, usando uma roupa emprestada e ajustada com alfinetes para conter as sobras de pano, duas marias-chiquinhas, a platéia explodiu na risada. O apresentador do programa arrumou os óculos e disse, friamente:


- Aproxime-se.


Ela ignorou as gargalhadas e foi até ele.


- O que você veio fazer aqui? – perguntou intrigado.
- Ué, eu vim cantar. – disse ela com o ar mais inocente desse mundo.
- Mas quem disse a você que você canta?
- Eu! – falou com voz firme.
- Diga-me uma coisa: de que planeta você veio? – questionou de forma ácida.


Ela respirou fundo e lhe respondeu:


- Eu vim do planeta-fome, seu Ary. Do mesmo planeta de onde o senhor veio.


Nesse momento o auditório se calou. Ali estava uma adolescente cheia de bravura, desafiando o grande ícone da música brasileira, lembrando que ele próprio também tivera um berço pobre e que havia passado por dificuldades acerbas como as que ela no momento passava.


Silencioso, Ary apontou para ela o microfone e deslizou seus dedos no teclado em seguida.
A menina então começou a cantar com a voz afinada e ao mesmo tempo arranhada, rouca, única, apresentando efeitos que ninguém jamais tinha ouvido.


No final, o mesmo público que riu tanto dela em sua chegada vibrou de emoção e encheu o estúdio de palmas. Ela as recebeu chorando, abraçada com Ary que, igualmente muito emocionado, disse:


- Senhoras e senhores, nesse exato momento acaba de nascer uma estrela."



A mulher é forte mesmo! Superou inúmeros problemas ao longo da vida, Garrincha incluído, e está ainda cantando. Recentemente pode ser vista no filme "Chega de saudades", fazendo o papel de cantora de boate, ou seja, o dela mesma.


José FRID

Atualizando em 2013:

Ela continua cantando e encantando as plateias. Vi shows dela no CCSP e no SESC, sempre lotados!

Vida longa a Elza Soares!


sexta-feira, 18 de abril de 2008

AUTOBIOGRAFIA EM CINCO CAPÍTULOS

Ando pela rua . Há um buraco fundo na calçada . Eu caio
Estou perdido... sem esperança. Não é culpa minha.
Levo uma eternidade para encontrar a saída.
Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada
Mas finjo não vê-lo. Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar. Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.
Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Vejo que ele ali está
Ainda assim caio... é um hábito. Meus olhos se abrem. Sei onde estou
É minha culpa. Saio imediatamente.
Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.
Ando por outra rua.
( "O livro tibetano do viver e do morrer"de Sogyal Rinpoche)


sábado, 8 de dezembro de 2007

Sobre o livro que estou lendo: Vale Tudo



"Leitura de bordo


O Síndico

Mais uma noite em claro. O motivo: a biografia do Tim Maia, escrita pelo Nelson Motta. Peguei o livro por acaso, pensando pra que diabos eu queria ler isso. Gostava do Tim, claro, mas sem tanta curiosidade pela vida louca dele. Não interessa. O texto me pegou e pronto. Não consegui largar. E é claro que é biografia escrita por um amigo, então não há grandes polêmicas.

Valeu? Claro. Tudo vale a pena etc. etc. E ler durante a madrugada é melhor do que ficar pensando besteira. Como vocês sabem, tenho tremenda facilidade pra ficar pensando besteira.

A propósito: alguém aí conhece o professor Nabuco, que ensinava química nos anos 80? Uma vez ele deu um esporro na turma:

- . Se eu pego um livro bom de madrugada, pra que vou acordar cedo se é pra encontrar uma turma que não quer nada? É melhor ficar lendo meu livro durante a madrugada.
Ou seja: se eu sou assim, a culpa é do Nabuco."

Nelson Vasconcelos (O GLOBO)


COMENTÁRIO DO FRID: O TIM MAIA É UM GRANDE PERSONAGEM, ESTÓRIAS MIL. O NELSON MOTTA ESCREVE "BEM LEVE", "FLUIDO", A LEITURA CORRE FACILMENTE. CONCLUSÃO: VOCÊ NÃO LARGA O LIVRO!