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sexta-feira, 16 de junho de 2017
domingo, 28 de dezembro de 2014
Canção de amanhã
não direi adeus
se ainda tarda o sol.
também não falarei de flores
quando a primavera discursa aos olhos
permitindo que descansem as saudades do outono.
fecho os olhos e deixo-me levar por uma tênue certeza,
uma impressão sutil como o fio da teia
da caprichosa aranha-mãe,
de que o silencio conspirara a meu favor.
uma impressão sutil como o fio da teia
da caprichosa aranha-mãe,
de que o silencio conspirara a meu favor.
não direi adeus,
embora saiba do fim de todas as coisas,
fim que abraça mesmo os sonhos
sem tempo de vir a ser,
fazendo breve o que se julgava eterno.
embora saiba do fim de todas as coisas,
fim que abraça mesmo os sonhos
sem tempo de vir a ser,
fazendo breve o que se julgava eterno.
lentamente, tento desconstruir o pensamento
ainda embriagado de lucidez indesejada,
concebido em meio acido, sobrevivente,
como o pródigo filho que ainda não partiu.
ainda embriagado de lucidez indesejada,
concebido em meio acido, sobrevivente,
como o pródigo filho que ainda não partiu.
refaço-me do último suspiro
recolho a última palavra
ignoro as horas apressadas
e caminho para o mar.
recolho a última palavra
ignoro as horas apressadas
e caminho para o mar.
Aila Magalhães via Jornal de Poesia
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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
M a r i n h e i r a
em minha pele,
cristais de sal recendem
um mar revolto,
desaguado da ponta de tua língua.
por sobre ela, a pele, inteira,
gotas de marés,
saliva de peixe,
escamas incrustadas à moda incisiva de teus dentes.
sem encanto ou canto,
ser areia,
seara,
sereia...
nadar ou morrer na praia,
É tudo quanto resta.
cristais de sal recendem
um mar revolto,
desaguado da ponta de tua língua.
por sobre ela, a pele, inteira,
gotas de marés,
saliva de peixe,
escamas incrustadas à moda incisiva de teus dentes.
sem encanto ou canto,
ser areia,
seara,
sereia...
nadar ou morrer na praia,
É tudo quanto resta.
Aila Magalhães via Jornal de Poesia
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Um olhar por sobre os telhados (ou, do ponto de vista dos gatos)
quieta, observo o tempo através do sol.
primeiro, uma sombra enorme parece engolir a luz.
depois, a luz é que engole a sombra
fazendo nascer um dia azul
sobre telhados recém-paridos, encarnados de luz,
pontilham aqui e ali os verdes,, amarelos e lilases
das flores teimosas num tempo de quase inverno.
(não sabem as flores que ha tempo de adormecer?)
o silencio cede ao breve rumor do vento entre palmas,
(carícia)
e saúda esta manh?que também a mim pertence.
Passeio nas horas que indiferentes, passam por mim,
e sem cerimonia, envelhecem-me.
Enquanto isso, o mar vermelho dos telhados
guarda milhares de segredos:
quem será feliz? quem chorará?
onde estarão os que conspiram?
por onde andarão todos os amantes?
(serei eu ou apenas os olhos de um gato?)
dói em mim este futuro incerto, a pouca certeza que me coube.
dói em mim saber e não saber
esse ter tido e o não ter sido
dói-me, neste dia azul, viver o que me cabe
como talvez doa também aos gatos, nas noites claras de luar,
a lembrança do alto da montanha...
Aila Magalhães via Jornal de Poesia
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sábado, 20 de dezembro de 2014
E daí
não me recordo o dia.
tinha cara de segunda,
corpo de preguiça, olhos de sono,
marcas de batom mal disfarçadas pela roupa.
sim, bem poderia ser segunda-feira,
daquelas quando, qualquer um,
sem eira e nem beira
poderia adivinhar o grande final.
sim, poderia ser qualquer dia,
pois são iguais os dias de quem espera
sem que dúvidas ou certezas atropelem o calendário.
naquela manhã,
chovesse ou fizesse sol,
estaria ali novamente o vazio
exceto por algumas moscas
infernizando as orelhas do cão.
Aila Magalhães via Jornal de Poesia
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