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sábado, 15 de setembro de 2012

Como a geração sexo, drogas e rock'n'roll salvou Hollywood



Li, durante parte dos meses de janeiro e fevereiro de 2011, o livro "Como a geração sexo-drogas-e-rock'n'roll salvou Hollywood: Easy Riders, Raging Bulls", de Peter Biskind (Editora Intrínseca, 2009, tradução de Ana Maria Bahiana).


Leitura deliciosa, apesar de cansativa: quase 500 páginas em letras miúdas. Muita informação valiosa, mas um pouco de fofoca também (quem dormiu com quem, quem cheirou/fumou/injetou o quê, etc.)


O autor relata a ascensão de uma turma de novos diretores ( Francis Coppola, Martin Scorsese, George de Lucas, Steven Spielberg, Dennis Hopper, Peter Bogdanovich, Robert Altman, Hal Ashby, Michael Cimino, William Friedkin, Roman Polanski, etc.), que vieram mudar a forma de fazer cinema em Hollywood, questionando os métodos tradicionais dos grandes estúdios (Warner, Fox, Universal, Columbia, Paramount, United Artists, etc.).


Ascensão e queda, pois em pouco mais de dez anos os estúdios retomam o poder, graças à inabilidade empresarial dos diretores e muita, mais muita droga! Só se salvaram George de Lucas, que parou de dirigir pra ficar só na produção, e Steven Spielberg, o mais careta deles, diretor novo mas com alma de "estúdio'.


O período começa com o filme "Sem Destino" (Easy Riders, de Dennis Hopper) e vai até o lançamento de "Touro Indomável" (Raging Bulls, de Martin Scorsese), passando por outros filmes memoráveis: Bonnie e Clyde, O Poderoso Chefão, A Última Sessão de Cinema, Taxi Driver, MASH, Nashville, Ensina-me a viver, Amargo regresso, Muito Além do Jardim, Reds, Lua de Papel, O Franco Atirador, Apocalypse Now, Operação França, O Exorcista, Loucuras de Verão, Star Wars, Alice não mora mais aqui, New York, New York, O Último concerto de Rock, Encurralado, Tubarão, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, ET, Chinatown, etc.


O livro conta como cada filme foi feito, as escolhas dos atores, as dificuldades com os roteiros e os financiamentos, os problemas de realização, finalização e distribuição, as dificuldades enfrentadas, os resultados obtidos e as implicações de cada filme no progresso (ou não) de Hollywood, e o impacto nas carreiras dos seus diretores, roteiristas, atores e produtores.


O autor relata, no seu entendimento, como a cocaína veio a se tornar popular, graças ao filme "Sem Destino". Segundo ele, a cocaína era um produto caríssimo, denominada a "droga dos reis", de difícil obtenção e relativamente desconhecida. Os poucos e elitizados usuários achavam que ela não viciava. O pessoal preferia outras drogas tipo maconha, anfetaminas, LSD, heroína, etc.


No filme "Sem Destino" os motoqueiros planejam transportar drogas para obter sua independência financeira. Maconha não poderia ser, pois era barata e volumosa. heroína tinha uma conotação ruim. Optaram pela cocaína, da qual um pequeno volume valeria uma fortuna. Com o sucesso do filme, a cocaína foi para as ruas e virou um sucesso. Muitos dos diretores do período estudado arruinaram suas vidas com a cocaína. A vida imitando a arte ou ao contrário?


O livro mostra a revolução na forma de lançar os filmes, de poucos cinemas em locais selecionados para lançamentos monstruosos, em mais de mil salas ao mesmo tempo. A forma antiga condenava muitos filmes ao insucesso só por não serem lançados adequadamente.


E a traduçao da Ana Maria Bahiana é muito boa, de quem conhece o tema tratado.


Leia o livro e divirta-se!!




José FRID





quinta-feira, 31 de março de 2011

Aula de negociação




Warren Beatty negociando com o diretor da Warner, Eliot Hyman, o relançamento do filme "Bonnie e Clyde". O estúdio não quer relançar o filme por causa da grande participação do diretor/ator nas rendas do filme:


- Tá bom, eu relanço o filme se você diminuir sua participação.


Beatty pensa e responde:


- Não. Vou processar você, Eliot.


Hyman olhou friamente para ele, calculando o risco, enquanto Beatty brincava com um lápis, girando-o entre os dedos, jogando-o para o alto e pegando-o novamente.


- Que porra de motivo você teria para me processar?


Beatty estava blefando. Não tinha a mais pálida noção de qual motivo poderia usar para um processo legal mas, vagamente familiarizado com o passado de Hyman, que incluía algumas relações perigosas e questionáveis, Beatty pensou: Eliot sabe mais do que eu algum dia poderia saber. Então olhou para Hyman nos olhos, fixamente, e disse:


- Acho que você sabe muito bem o motivo.


No espaço de duas semanas, Hyman tinha relançado o filme.



"Com um sujeito como Eliot, essa era, claro, a melhor coisa para se dizer, porque, seja lá o que fosse que sabia, aquilo o encheu de pavor", disse Beatty.



"Como a geração sexo-drogas-e-rock'n'roll salvou Hollywood: Easy Riders, Raging Bulls" , de Peter Biskind (Editora Intrínseca, 2009, tradução de Ana Maria Bahiana).

domingo, 27 de março de 2011

Briga de casal



Peter Bogdanovich brigando com sua mulher Polly, pedindo a separação para ficar com Cybill Shepherd, depois de dizer que sentia-se velho e que Cybill o fazia sentir-se jovem: 


- Não sei se quero ter uma mulher e filhos. 
- Ah, tá bom, mas nós existimos. Estamos vivos, estamos aqui, não há nada que você possa fazer. O que vai fazer, nos matar? 


"Como a geração sexo-drogas-e-rock'n'roll salvou Hollywood: Easy Riders, Raging Bulls", de Peter Biskind (Editora Intrínseca, 2009, tradução de Ana Maria Bahiana).

terça-feira, 15 de março de 2011

Sendo criado sob o calvinismo holandês - Igreja Cristã Reformada - O Horror!!


O pai dos Schrader (Paul e Leonard, diretor e roteirista) era rigoroso até para os padrões estritos do calvinismo holandês. Ele obrigava a família - os garotos metidos em suas melhores roupas de domingo, camisas brancas engomadas, sufocantes, duras como tábuas - a chegar à igreja uma hora antes da missa para garantir que ele se sentasse no mesmo lugar, no mesmo banco. "Não importava o que você fizesse, ele sempre achava que era barulho demais e te dava uma cotovelada nas costelas", Leonard recorda. "A terceira cotovelada queria dizer que você seria chicoteado. Eu era chicoteado seis, sete dias por semana. Agir como um ser humano normal durante as 24 horas do dia, respirando, comendo, indo ao banheiro, vivendo uma vida normal, significava automaticamente quebrar pelo menos umas vinte regras a cada dia, e três delas mereceriam uma surra. Eu tirava minha camisa de domingo, meu pai me encostava na mesa da cozinha, pegava o fio de extensão do barbeador elétrico dele e batia em minhas costas com o plugue, o que deixava nelas uma bela estamparia de pingos redondos de sangue. Como se eu tivesse feito um teste de alergia no médico."


A mãe não era muito melhor. Numa tentativa de dramatizar o que era o inferno para o jovem Paul, ela enfiou uma agulha em sua mão. Quando ele gritou, ela disse: "Lembra o que você sentiu quando a agulha furou seu polegar? O inferno é assim, só que o tempo todo."


Mas ela tinha uma vantagem sobre papai. "O que salvava minha mãe era que ela era humana", Leonard continua. "Meu pai parecia uma máquina. Sempre me dizia quantas vezes ia me bater, dependendo da gravidade de minha ofensa. Se me dissesse que ia me bater vinte vezes, ele me batia vinte vezes. Minha mãe me batia com o cabo da vassoura. Na cozinha. Às vezes, ela quebrava o cabo nas minhas costas. Mas se a gente fazia minha mãe rir, ela não conseguia continuar. Eu guardava várias piadas para essas ocasiões, não piadas que eu achasse engraçadas - algumas eram as piadas mais idiotas que eu já ouvi -, mas as piadas que o grupo de amigas da minha mãe que se reunia no porão da igreja ia achar engraçado e que ela ainda não tinha ouvido. Eu esperava o primeiro golpe, aquele que jamais conseguia impedir. Aí eu contava a piada, fazendo força para me lembrar do final. Quando ela começava a rir, tudo estava OK, sempre com aquele fecho freudiano: "Não conte ao se pai, isso é segredo nosso', as surras sadomasoquistas no meio da cozinha."


"Como a geração sexo-drogas-e-rock'n'roll salvou Hollywood: Easy Riders, Raging Bulls", de Peter Biskind (Editora Intrínseca, 2009, tradução de Ana Maria Bahiana).