Li, durante parte dos meses de janeiro e fevereiro de 2011, o livro "Como a geração sexo-drogas-e-rock'n'roll salvou Hollywood: Easy Riders, Raging Bulls", de Peter Biskind (Editora Intrínseca, 2009, tradução de Ana Maria Bahiana).
Leitura deliciosa, apesar de cansativa: quase 500 páginas em letras miúdas. Muita informação valiosa, mas um pouco de fofoca também (quem dormiu com quem, quem cheirou/fumou/injetou o quê, etc.)
O autor relata a ascensão de uma turma de novos diretores ( Francis Coppola, Martin Scorsese, George de Lucas, Steven Spielberg, Dennis Hopper, Peter Bogdanovich, Robert Altman, Hal Ashby, Michael Cimino, William Friedkin, Roman Polanski, etc.), que vieram mudar a forma de fazer cinema em Hollywood, questionando os métodos tradicionais dos grandes estúdios (Warner, Fox, Universal, Columbia, Paramount, United Artists, etc.).
Ascensão e queda, pois em pouco mais de dez anos os estúdios retomam o poder, graças à inabilidade empresarial dos diretores e muita, mais muita droga! Só se salvaram George de Lucas, que parou de dirigir pra ficar só na produção, e Steven Spielberg, o mais careta deles, diretor novo mas com alma de "estúdio'.
O período começa com o filme "Sem Destino" (Easy Riders, de Dennis Hopper) e vai até o lançamento de "Touro Indomável" (Raging Bulls, de Martin Scorsese), passando por outros filmes memoráveis: Bonnie e Clyde, O Poderoso Chefão, A Última Sessão de Cinema, Taxi Driver, MASH, Nashville, Ensina-me a viver, Amargo regresso, Muito Além do Jardim, Reds, Lua de Papel, O Franco Atirador, Apocalypse Now, Operação França, O Exorcista, Loucuras de Verão, Star Wars, Alice não mora mais aqui, New York, New York, O Último concerto de Rock, Encurralado, Tubarão, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, ET, Chinatown, etc.
O livro conta como cada filme foi feito, as escolhas dos atores, as dificuldades com os roteiros e os financiamentos, os problemas de realização, finalização e distribuição, as dificuldades enfrentadas, os resultados obtidos e as implicações de cada filme no progresso (ou não) de Hollywood, e o impacto nas carreiras dos seus diretores, roteiristas, atores e produtores.
O autor relata, no seu entendimento, como a cocaína veio a se tornar popular, graças ao filme "Sem Destino". Segundo ele, a cocaína era um produto caríssimo, denominada a "droga dos reis", de difícil obtenção e relativamente desconhecida. Os poucos e elitizados usuários achavam que ela não viciava. O pessoal preferia outras drogas tipo maconha, anfetaminas, LSD, heroína, etc.
No filme "Sem Destino" os motoqueiros planejam transportar drogas para obter sua independência financeira. Maconha não poderia ser, pois era barata e volumosa. heroína tinha uma conotação ruim. Optaram pela cocaína, da qual um pequeno volume valeria uma fortuna. Com o sucesso do filme, a cocaína foi para as ruas e virou um sucesso. Muitos dos diretores do período estudado arruinaram suas vidas com a cocaína. A vida imitando a arte ou ao contrário?
O livro mostra a revolução na forma de lançar os filmes, de poucos cinemas em locais selecionados para lançamentos monstruosos, em mais de mil salas ao mesmo tempo. A forma antiga condenava muitos filmes ao insucesso só por não serem lançados adequadamente.
E a traduçao da Ana Maria Bahiana é muito boa, de quem conhece o tema tratado.
Leia o livro e divirta-se!!
José FRID