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quarta-feira, 3 de maio de 2017

A Arte


A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo.


Vladimir Maiakovski

terça-feira, 22 de julho de 2014

Briga do Maiacovski com Lênin

Li no livro "Poesia Russa", na Cultura, que Lênin achava Maiacovski um poeta vagabundo. 

Qualidade ruim dos versos ou homem que não quer trabalhar? 

Lênin entenderia de literatura e/ou poesia para julgar os versos de Maiacovski?

O Poema "operário" é uma resposta a Lênin?

O resultado da querela seria o suicídio do poeta?


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Comunista, eu??


Segunda, voltando pra casa, conversei com meu amigo sobre um poema do Maiacovski (O poeta operário), apaixonado defensor da Revolução Russa, que depois, desiludido com o rumo da revolução, suicidou-se. De noite, sonhei que estava dormindo igual Lênin no seu mausoléu na Praça Vermelha, com a cabeça levemente alteada, os braços ao longo do corpo, as mãos expostas à luz, uma luz amarelada suave. Não teve jeito: perdi o sono. Insone, liguei a televisão e estava passando um filme no qual um dos novos bilionários mafiosos russos tentava derrubar o presidente eleito, e quem o defendia era um matador de aluguel americano. Mera coincidência? Ou estou virando vermelho??? Socorro!!!


José FRID

terça-feira, 7 de maio de 2013

O poeta operário



Grita-se ao poeta:
"Queria te ver numa fábrica!
O quê? Versos? pura bobagem!
Para trabalhar não tens coragem."
Talvez
ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez
sem chaminés
seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam.
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca
é coisa respeitável.
Atira-se a rêde e quem sabe?
Pega-se o esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.
Camaradas dentro da massa operário.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo,
fa-lo-emos marchar num ritmo célere.
Diante da vaga de palavras
levantemos um dique!
Mãos à obra!
O trabalho é vivo e novo!
Com os oradores vazios, fora!
Moinho com eles!
Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!

 

Vladimir Maiakovski

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

AMO: COMUMENTE É ASSIM


A Lila Brik




Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar.

Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.



(1922)




Vladimir Maiacovski in "Antologia Poética", tradução de E. Carrera Guerra, Editora Max Limonad Ltda., segunda edição, 1983




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domingo, 7 de novembro de 2010

E Então Que Quereis?




Fiz ranger as folhas de jornal

abrindo-lhes as pálpebras piscantes.

E logo

de cada fronteira distante

subiu um cheiro de pólvora

perseguindo-me até em casa.

Nestes últimos vinte anos

nada de novo há

no rugir das tempestades.

Não estamos alegres,

é certo,

mas também por que razão

haveríamos de ficar tristes?

O mar da história

é agitado.

As ameaças

e as guerras

havemos de atravessá-las,

rompê-las ao meio,

cortando-as

como uma quilha corta

as ondas.




(1927)



Vladimir Maiacovski in "Antologia Poética", tradução de E. Carrera Guerra, Editora Max Limonad Ltda., segunda edição, 1983

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Em tempos de DIlma: À Esquerda!!




Aos marinheiros russos


Em frente, marche! Basta de falar!
O tempo dos oradores já passou.
Hoje tem a palavra
o Camarada Mauser!
Não há outra lei senão a da natureza.
Somente Adão e Eva estão com a verdade.
Abaixo as leis, abaixo as cadeias!


Fustiguemos a carroça da história.
À esquerda, à esquerda, à esquerda!
Em frente, à conquista
dos Oceanos!
Tendes canhões em vossos navios de aço.
Já esquecestes como os fazer falar?
Que a coroa abra uma goela
quadrangular,
que o leão britânico ruja
que importa?
A comuna está em marcha
e manterá a vitória!
À esquerda, à esquerda, à esquerda!


Aqui é a sombra e a morte, mas lá longe
do outro lado das montanhas
o sol se levantou sobre um mundo novo.
Lá, além das planícies,
o solo estremece sob os passos inumeráveis
de homens impávidos e livres.
Camaradas, nós somos um rochedo de granito.
Os bandidos da Entente se arremessam contra ele.
Mas nada abaterá a Rússia Soviética.
À esquerda, à esquerda, à esquerda!
Eles não poderam furar os olhos atilados da águia
que olha e compreende as lições do passado.
Avante, pois, meu povo, e já que o pegaste
estrangula teu carrasco!
A trombeta dos bravos já soou o alarme.
Nossos estandartes aos milhares avermelham o céu.
Só a rota dos traidores é que conduz à direita.
À esquerda, à esquerda, à esquerda!



(1918)


Vladimir Maiacovski in "Antologia Poética", tradução de E. Carrera Guerra, Editora Max Limonad Ltda., segunda edição, 1983


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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Blusa Amarela


Do veludo de minha voz

Umas calças pretas mandarei fazer.

Farei uma blusa amarela

De três metros de entardecer.

E numa Nevski mundial com passo pachola

Todo dia irei flanar qual D. Juan frajola.

Deixai a terra gritar amolengada de sono:

"Vais violar as primaveras verdejantes!"

Rio-me, petulante, e desafio o sol!

"Gosto de me pavonear pelo asfalto brilhante!"

Talvez seja porque o céu está tão celestial

E a terra engalanada tornou-se minha amante

Que lhes ofereço versos alegres como um carnaval

Agudos e necessários como um estilete pros dentes.

Mulheres que amais minha carcaça gigante

E tu, que fraternalmente me olhas, donzela.

Atirai vossos sorrisos ao poeta

Que, como flores, eu os coserei

À minha blusa amarela!



(1913)


Vladimir Maiacovski in "Antologia Poética", tradução de E. Carrera Guerra, Editora Max Limonad Ltda., segunda edição, 1983


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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Poeta-Operário




Grita-se ao poeta:

"Queria ter ver numa fábrica!

O que? Versos? Pura bobagem!

Para trabalhar não tens coragem".

Talvez

ninguém como nós

ponha tanto coração

no trabalho.

Eu sou uma fábrica.

E se chaminés

me faltam

talvez

sem chaminés

seja preciso

ainda mais coragem.

Sei.

Frases vazias não agradam.

Quando serrais madeira

é para fazer lenha.

E nós que somos

senão entalhadores a esculpir

a tora da cabeça humana?

Certamente que a pesca

é coisa respeitável.

Atira-se a rede e quem sabe?

Pega-se um esturjão!

Mas o trabalho do poeta

é muito mais difícil.

Pescamos gente viva e não peixes.

Penoso é trabalhar nos alto-fornos

onde se tempera o ferro em brasa.

Mas pode alguém

acusar-nos de ociosos?

Nós polimos as almas

com a lixa do verso.

Quem vale mais:

o poeta ou o técnico

que produz comodidades?

Ambos!

Os corações também são motores.

A alma é poderosa força motriz.

Somos iguais.

Camaradas dentro da massa operária.

Proletários do corpo e do espírito.

Somente unidos,

somente juntos remoçaremos o mundo,

fá-lo-emos marchar num ritmo célere.

Diante da vaga de palavras

levantemos um dique!

Mãos à obra!

O trabalho é vivo e novo!

Com os oradores vazios, fora!

Moinho com eles!

Com a água de seus discursos

que façam mover-se a mó!



(1918)



Vladimir Maiacovski
in "Antologia Poética", tradução de E. Carrera Guerra, Editora Max Limonad Ltda., segunda edição, 1983

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Estrela


Escutai! Se as estrelas se acendem

será por que alguém precisa delas?

Por que alguém as quer lá em cima?

Será que alguém por elas clama,

por essas cuspidelas de pérolas?

Ei-lo aqui, pois, sufocado ao meio-dia,

no coração dos turbilhões de poeira;

ei-lo, pois que corre para o bom Deus,

temendo chegar atrasado,

e que lhe beija chorando

a mão fibrosa.

Implora! Precisa absolutamente

duma estrela lá no alto!

Jura! Que não poderia mais suportar

essa tortura de um céu sem estrelas!

Depois vai-se embora,

atormentado, mas bancando o gaiato

a diz a alguém que passa:

"Muito bem! Assim está melhor agora, não é?

Não tens mais medo, hein?"

Escutai, pois! Se as estrelas se acendem

é porque alguém precisa delas.

É porque, em verdade, é indispensável

que sobre todos os tetos, cada noite,

Uma única estrela, pelo menos, se alumie.



(1913)



Vladimir Maiacovski
in "Antologia Poética", tradução de E. Carrera Guerra, Editora Max Limonad Ltda., segunda edição, 1983