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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Eu, meu tio e o problema do Lulla







A divulgação da doença do Lulla fez-me lembrar de dois episódios: a doença e cura do meu tio e a suspeita da minha doença.


Meu tio, num belo dia, passando em frente ao hospital público onde sua irmã médica estava de plantão, resolveu visitá-la. Ela estranhou a rouquidão dele, que disse que era normal, consequência dos cigarros da vida toda e de algumas cervejas geladas da noite anterior, "vai passar logo, de noite estarei ótimo, vou poder até cantar como o Sílvio Caldas". Ela perguntou-lhe se não queria ver o otorrino de plantão. Para tranqüilizá-la, ele resolveu acatar sua sugestão. Não deu outra: câncer na garganta em estágio inicial. Ele parou de fumar e de beber, fez tratamento e ficou curado. Faleceu, de outra coisa, depois de mais de trinta anos.

O Lulla também descobriu a doença pela rouquidão. E fuma e bebe como meu tio. Creio que vai ficar totalmente curado do câncer e morrer de outra coisa qualquer, como todos nós algum dia. Terá que parar de fumar e beber. Eu não fumo e, lógico, acho que dá para viver sem esse vício besta. Acho que se o Lulla só beber quando o Corinthians ganhar, o álcool nem fará mal para ele. Dará para curtir a cobertura triplex do Guarujá por muitos e muitos anos!

Quando era jovem, tratava-me na Policlínica Central do Exército, um SUS melhorado. Eu, novinho, só costumava ir ao dentista, ao oculista – acertar o grau da miopia crescente, e ao otorrino – sempre com sinusite e assemelhados. Num determinado dia, indo ao dentista, fui informado que ele tinha remarcado as consultas em virtude de problemas particulares. A atendente perguntou se eu não queria aproveitar e consultar-me com outros médicos. Será que eu não tinha nada para tratar? Falei que os óculos eram novos, as fossas nasais estavam comportadas, nada doía. Jovem, enfim. Agradeci e ia saindo do prédio quando tive uma coceira nas costas. A mancha! Voltei, tinha consulta com o dermatologista em duas horas. Marquei e resolvi ir ao Campo de Santana ver as cotias correrem e tomar um Eskibon, já que não precisava manter os dentes escovados.

Desde pequeno que tenho uma mancha acastanhada nas costas, perto da coluna, que foi crescendo, escurecendo e fazendo mais coisas que eu não via, pois ela estava nas costas. Toda vez que tinha que renovar o exame da piscina, o médico, mostrava para meu pai a mancha e mandava-o cuidar melhor da minha higiene, quem sabe passar um algodão com álcool. Meu pai, por sua vez, descarregava na minha mãe, acusando-a de não cuidar direito de mim. Daí a quatro meses, o drama se renovava, mas nenhuma atitude era tomada pelos meus pais com relação à bendita mancha. (Será esse o motivo que abandonei as piscinas em prol das praias?) Agora, eu senhor das minhas ações, ia, enfim, tomar providências!

O médico mandou tirar a camisa, olhou a mancha das costas, passou o dedo pela pele, perguntou por outras, mostrei a do braço e a sob o queixo. Ele disse que estas duas eram de nascença, não tinham problema, mas que a outra merecia atenção, pois podia ser ....., ou ....., ou ..... ou câncer, que precisava fazer uma biópsia. A palavra maldita ficou ecoando na minha cabeça e toldou meus sentidos. De repente vejo-me deitado de barriga para baixo numa mesa metálica gelada, o doutor explicando que vai tirar um pedaço, incluindo camadas abaixo da pele, para ter um bom diagnóstico. Ele espeta algo nas minhas costas, explica que é uma anestesia local, depois começa a cortar, sinto a pressão física, mas sem dor. O miserável coloca o bisturi numa bandeja pequena que está bem sob meus olhos: aquilo vermelho é meu sangue!! Começo a desmaiar, mas sou reposto à vida com outra espetada, é o carcará enfiando um cordão na minha pele, sinto a linha passar. Ele pega o bisturi, corta mais um pouco e extrai um "bife" do meu corpo e mostra para mim: um pedaço de mim preso por um barbante. Deixa a carne, o bisturi, uma pinça, tesoura, chumaços de algodão e gases, todos tingidos com meu sangue, na tal bandeja na minha frente. Sutura. Depois põe o pedaço de mim num vidrinho e manda eu levar ao laboratório. Resultado em vinte dias! VINTE LONGOS E MISERÁVEIS DIAS!!!

Tento esquecer o problema e levar vida normal. Com certeza o resultado será alguma das coisas que o doutor falou antes da palavra maldita. Mas a mancha está ali e coça, o corte lateja, que será de mim? Como o médico disse para não tomar sol no corte, não saio mais de casa, depressão profunda! Não penso propriamente na morte, coisa inimaginável para um jovem, mas na evolução da doença, nas ulcerações da pele, o tratamento agressivo, etc. Amigos vão visitar-me, mostro o corte – para mim uma brecha! – e a mancha, imensa, enorme, dominando as minhas costas. Consigo até brincar, dizendo que terei que usar uma armadura metálica para afastar a camisa das imaginárias feridas cancerosas. Tento levantar da cadeira, mas as pernas trêmulas, fracas, denunciam exatamente meu terror, minha falta de coragem, com o possível diagnóstico.

O dia do juízo final chegou. Estou no guichê do laboratório. Não sei como consegui chegar até ali. Com a mão trêmula entrego o protocolo para o atendente. Entrega-me um envelope fechado. Permaneço parado, menos minhas mãos que tremulam, melhor dizendo, trepidam, chacoalham o envelope. Meu destino está ali. O atendente, surpreso, toca no meu ombro e diz que eu tenho que entregar o exame para o médico. Caminho pelos corredores escuros como um condenado ao cadafalso. Chego no serviço de dermatologia. A auxiliar pergunta se tenho consulta marcada. Digo que não sabia que precisava marcar, quero só mostrar o exame. Ela olha para mim, à beira de ter um treco ali mesmo, apieda-se, ajuda-me a sentar e diz que vai mostrar o exame para o doutor assim que sair um paciente. Espero de olhos fechados a pronúncia da sentença. Escuto a porta do consultório abrir, um paciente sair, a atendente entrar, papel sendo rasgado e a voz do destino: diga pra ele que não é nada, correu tudo bem. Abro os olhos, sorrio para as pessoas na sala de espera, tenho vontade de beijar a moça que sai do consultório com o exame na mão. Contenho-me, agradeço e saio feliz pelos corredores iluminados da clínica, vontade de beijar e abraçar a todos!

Saio da clínica sem saber para onde ir, é muita felicidade dentro de mim. Logo chego no Campo de Santana. Vamos aproveitar a vida que acabei de ganhar! Passo a tarde vendo as cotias fazerem gracinhas e chupando Chicabons.





quarta-feira, 14 de julho de 2010

domingo, 14 de março de 2010

Lembre-te

César tinha aquele cara que, volta e meia, dizia no seu ouvido: "Lembra-te que és mortal." O Lula poderia ter um cara que, sempre que ele fosse dizer o que não devia, puxasse a sua manga. Mas como prever o que o Lula vai dizer? A solução seria não parar de puxar a manga.

Luiz Fernando Verissimo, escritor

(Do Blog do Noblat)

sábado, 13 de março de 2010

Pisada de bola na Ilha Presído

CARLOS HEITOR CONY

Pisada de bola

RIO DE JANEIRO - Que Lula pisou na bola, pisou. Sua declaração a propósito da greve de fome de um dissidente cubano foi infeliz -e, além de infeliz, oportunista e contrária à sua própria biografia.


Infeliz porque se espera de Lula uma coerência mínima com o seu passado, passado de luta na oposição. Ele próprio chegou a ser um preso político e sabe melhor do que ninguém a diferença entre um deles e o preso comum.


A greve de fome é antes de mais nada um recurso à propaganda contra um regime ou contra as condições subumanas das prisões. É um recurso válido até mesmo para os presos comuns, e muito mais para os presos políticos.


O oportunismo de Lula está claro: as suas relações com o regime cubano são estridentes e até louváveis, pois, de certa forma, sem o apelo à violência, a cartilha do petismo não é tão diferente da cartilha castrista, seja ela administrada por Fidel ou por Raul.


Ele sabe compensar essa predileção pelos governos de esquerda indo visitar amistosamente velhos ditadores de direita, o que lhe dá uma aura de equidistante, de cidadão do mundo.


Mas condenar a greve de fome de um dissidente de um regime antidemocrático, como o de Cuba, é ir além da imagem que ele procura firmar, de político mais importante do mundo.
A comparação que ele fez também foi infeliz. Se os presos comuns de São Paulo fizessem greve de fome, não deveriam ser soltos, mas atendidos em suas exigências de tratamento carcerário, que, como sabemos, não é lá essas coisas.


Em resumo: a declaração de Lula sobre o dissidente cubano mostra que cada vez mais ele se afasta de suas origens pessoais e políticas, tornando-se não um preso comum, mas um político comum.


ILHA PRESÍDIO


Foi constrangedor ver a cena do presidente Lula e seus assessores rindo do lado dos Castros de Cuba, enquanto o governo cubano prendia os amigos de Orlando Zapata que tentavam comparecer ao enterro. A mãe de Zapata disse que ele era torturado sistematicamente; o desespero foi tal que ele ficou 84 dias sem comer. E lá estava o nosso presidente sorrindo e brincando com os ditadores.

Tenho dito aqui que concordo com a necessidade de se apurar as torturas e mortes de opositores durante a ditadura brasileira, mas o governo fica sem moral para defender que, no Brasil, os militares que torturaram e mataram sejam punidos, se aceita se confraternizar com quem tortura e mata integrantes da oposição em Cuba.

Os detalhes da morte de Orlando Zapata Tamayo lembram os piores regimes. A casa dele, onde o corpo foi velado, ficou cercada de seguranças. Pessoas tentavam chegar perto do livro de condolências e não conseguiam. Alguns amigos dele permanecem presos só por querer ir ao enterro.

A mãe, Reina Zapata, disse que o filho era "prisioneiro de consciência" e pediu que o mundo cerre fileiras em defesa dos outros prisioneiros políticos de Cuba. Ou o governo Lula acha normal a tortura e a morte de dissidentes, e aí tem que abonar o passado brasileiro, ou então tem que declarar sua defesa aos direitos humanos dos cubanos. E que não se diga que isso é assunto interno dos cubanos, porque terá que dizer que a queda de Manuel Zelaya era um assunto dos hondurenhos.

Em Honduras, o governo brasileiro ficou desde o primeiro momento contra o golpe. Nisso estava certo, mas exagerou quando permitiu que a embaixada fosse usada como aparelho político. Parecia um governo disposto a ir às últimas consequências para defender os princípios democráticos. Até hoje não reconhece o governo que foi escolhido pelos hondurenhos no voto, alegando que a eleição não foi legítima, ainda que não tenha sido constatada nenhuma irregularidade.

A resposta do presidente Lula em Havana foi toda inadequada. Ele disse não ter recebido a carta do dissidente em greve de fome, mas que se recebesse tentaria demovê-lo do protesto. Ora, um preso de consciência em regime ditatorial às vezes nada pode fazer a não ser apelar para a última forma de manifestação que lhe resta.

Raúl Castro mentiu descaradamente. "Em meio século, aqui não assassinamos ninguém. Aqui ninguém foi torturado. Aqui não houve nenhuma execução extrajudicial." Para acreditar nisso é preciso ser um E.T. que acaba de desembarcar no planeta. Em 2003, quando vários dissidentes foram executados, o então embaixador brasileiro no país Tilden Santiago disse que o governo cubano tinha "o direito de se defender" e mais não falou, alegando que era constrangedor criticar alguém "da família". Assim o governo Lula se sente em relação aos ditadores cubanos: eles podem tudo porque são "de casa", ditadores amigos.

Como disse o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia, em entrevista à "Folha", o governo brasileiro é omisso nas violações dos direitos humanos praticadas por amigos, e estridente com os outros países. Lampreia pode dizer de cadeira, porque quando esteve em Cuba, em 1998, manteve reuniões com dissidentes, ignorando a irritação do governo de Havana.

Durante a ditadura brasileira, era comum visitantes estrangeiros ignorarem a irritação dos generais e manterem reuniões com opositores ou críticos do regime. Foi assim que em 1978 o então presidente americano Jimmy Carter se reuniu com D. Paulo Evaristo Arns e o reverendo Wright, autores do relatório sobre tortura "Brasil Nunca Mais". E sua mulher Rosalyn Carter foi a Recife visitar D. Helder Câmara. Carter recebeu de D. Paulo uma carta com o nome de 27 desaparecidos políticos e foi ao presidente Geisel e perguntou onde eles estavam.

Quando o então presidente venezuelano Carlos Andrés Perez veio ao Brasil, se encontrou com opositores do regime militar, entre eles Fernando Henrique Cardoso. O próprio Lula foi visitado por representantes de outros governos. Fidel Castro sempre que vinha ao Brasil, depois do restabelecimento de relações diplomáticas no governo Sarney, reunia-se com o PT e uma vez participou de um comício petista em Niterói.

Estar com representantes da oposição não é se envolver em assuntos internos, é ouvir todas as partes do país; porque quem é oposição hoje pode ser governo amanhã; e quem é governo não é dono do país. As relações permanentes não são com os governantes, mas com os países. Na Venezuela, o Brasil ficou excessivamente marcado como "amigo de Chávez", a ponto de ter havido, em 2003, manifestação em frente à embaixada brasileira. O que nos interessa de forma permanente é uma boa relação com a Venezuela.

O governo brasileiro usa o princípio da não ingerência em assuntos internos quando lhe convém e para encobrir os abusos de governos dos seus amigos como Hugo Chávez e Fidel e Raúl Castro. No caso de Honduras, o Brasil disse que estava atuando em defesa do princípio democrático. Existe uma forma de conciliar não interferência em assuntos internos com defesa de princípios e valores democráticos. O governo Lula é que não sabe achar o ponto de equilíbrio.

Míriam Leitão

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Amira avisou: infarto, atentado ou acidente aéreo!




Correio da Paraiba MILENIUM...- 20 de dezembro de 2009
Atualização em 2012: a mulher errou feio!!!!
É melhor o homem se cuidar!!!
José FRID


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O que o lulla quer fazer com o Brasil

Um país governado por pessoas "não comuns", que tudo podem!
O povo? Vá no Maranhão para ver como é tratado!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A desonra em imagens, que valem mais de mil palavras!


O que leva um homem a perder a sua honra e envergonhar o povo de todo um estado, estado que foi às armas em 1932 para não se submeter a um ditador?


O que leva um homem a revogar uma decisão irrevogável? Se retratar de uma decisão irretratável?


Não é o caso de se desonrar para manter o mandato de senador, mas perder a honra para manter o título de líder do partido no Senado. A diferença entre ser líder do partido e ser um senador comum são apenas os cargos à sua disposição e os holofotes das tevês. Seriam estes os vil motivos da desonra?


O que lula ofereceu? Cargos no governo? "Boquinhas públicas" para amigos e correligionários? Interesses privados inconfessáveis? O que lula ameaçou? Cargos no governo? "Boquinhas públicas" para amigos e correligionários? Interesses privados inconfessáveis? O que o senador temeu perder?


O senador Flávio Arns, do PT do Paraná, liderado (?) pelo indigitado Mercadante, teve coragem de dizer, bem alto, que:


- "O PT jogou a ética no lixo e vai ter de achar outro caminho. Deu as costas ao povo, à sociedade e às bandeiras tão caras a tantas pessoas. Tenho vergonha de estar no PT".


Atualização 2011: O desonrado foi premiado com um ministério!!!

O brioso povo paulista foi desonrado pelo Mercadante, aquele que revogou sua decisão irrevogável e irretratável


O que leva um homem a perder a sua honra e envergonhar o povo de todo um estado, estado que foi às armas em 1932 para não se submeter a um ditador?

O que leva um homem a revogar uma decisão irrevogável? Se retratar de uma decisão irretratável?



Não é o caso de se desonrar para manter o mandato de senador, mas perder a honra para manter o título de líder do partido no Senado. A diferença entre ser líder do partido e ser um senador comum são apenas os cargos à sua disposição e os holofotes das tevês. Seriam estes os vil motivos da desonra?


O que lula ofereceu? Cargos no governo? "Boquinhas públicas" para amigos e correligionários? Interesses privados inconfessáveis? O que lula ameaçou? Cargos no governo? "Boquinhas públicas" para amigos e correligionários? Interesses privados inconfessáveis? O que o senador temeu perder?




O senador Flávio Arns, do PT do Paraná, liderado (?) pelo indigitado Mercadante, teve coragem de dizer, bem alto, que:

- "O PT jogou a ética no lixo e vai ter de achar outro caminho. Deu as costas ao povo, à sociedade e às bandeiras tão caras a tantas pessoas. Tenho vergonha de estar no PT".




O artigo abaixo mostra até onde chega a degradação de um homem público. Não deixe de lê-lo!




Em 2010 fora com o Mercadante!

Ao rei tudo, até a honra

Josué Maranhão - 25/08/2009

BOSTON – "Ao rei tudo, menos a honra!"

A frase de abertura, entre aspas, de autoria de Calderon de La Barca, teatrólogo espanhol, é uma paráfrase de outra maior, um pensamento atribuído a Maquiavel.

No Brasil, a sentença entrou para a história, em episódio ocorrido há 41 anos, em 11 de dezembro de 1968, em uma das situações mais crítica para o Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados discutia o pedido de licença, formulado pelos generais na ditadura de então, para processar o deputado Márcio Moreira Alves, por conta de um discurso considerado ofensivo às forças armadas.

A votação foi precedida de um discurso do deputado norte-riograndense Djalma Marinho, jurista de renome e presidente, há anos, da Comissão de Constituição e Justiça. Egresso da UDN, partido que respaldou o Golpe Militar de 1º. de abril de 1964, integrava a ARENA, o partido dos generais.

Em seu discurso, Djalma (de quem tive a honra de ser amigo, embora politicamente estivesse no lado oposto) ressaltou os seus vínculos com o regime dominante, falou dos riscos que recaiam sobre ele, pessoalmente, bem como sobre o Congresso Nacional. Destacou, no entanto, que a sua formação jurídica e democrática o impedia de aceitar o pedido dos militares. Concluiu com a frase que está na abertura deste escrito.

O Congresso negou a licença pedida pelos generais. O gesto foi o pretexto para a adoção do Ato Institucional No. 5, de famigerada lembrança na história do Brasil.

A ditadura endureceu, a perseguição generalizou-se, foi instituída a tortura, como coisa corriqueira.

O Congresso foi fechado. Resultado: Djalma, que não tinha recursos, precisou procurar trabalho como advogado, profissão que não exercia há décadas. Sobreviveu com sua família. Não maculou a sua história e continuou um homem honrado.

Os tristes episódios envolvendo o senador Aloízio Mercante, na semana passada, provocaram um estalo da minha memória. Daí a invocação à frase de abertura deste escrito.

Depois de ser desautorizado pelo presidente Lula, em várias oportunidades, desde quando iniciada a crise no Senado, por conta das "diabruras" de Zé Sarney, finalmente todos entenderam que Mercadante resolvera levantar a cabeça e mostrar o seu brio.

Enfrentou o presidente Lula e a presidência do seu partido, o PT, quando se recusou a substituir os senadores petistas no Comitê de Ética, onde teriam votos decisivos na votação dos recursos contra o arquivamento das representações contra Sarney. Ademais, não aceitou ler a nota oficial do partido justificando o apoio ao senador amapaense e "coronel" maranhense.

Na sequência, espontaneamente, anunciou a sua renúncia, em caráter irrevogável e irretratável, ao cargo de Líder do PT no Senado. Propagou a notícia aos quatro ventos, noticiou-a em blog na internet e até divulgou o horário em que faria um discurso no Senado, formalizando o ato.

Bastou um recado do presidente Lula, para Mercadante começar a amunhecar.

O triste final foi o insosso discurso no qual renunciou à renúncia, retratou o que era irretratável e revogou o que era irrevogável, segundo ele próprio afirmara.

O que teria provocado o vergonhoso recuo? Das duas, três! Recebeu um puxão de orelhas, lhe foi dada alguma coisa em troca, ou simplesmente acovardou-se?

Qualquer das três alternativas pode ser correta. Ou as três.

O que se viu foi o senador assomar à tribuna, com "o rabo entre as pernas", como dizem lá no Nordeste, cabisbaixo, pálido, quase macerado. Tentava se esconder por trás do bigode, que usa à moda dos canastrões de filmes mexicanos, e que ele imagina lhe imprime a imagem de homem sério e bravo. Não o é, a cena mostrou!

Tentando justificar o que seria injustificável, estivéssemos tratando com alguém com hombridade a preservar, na realidade o senador petista-paulista encenou uma paródia, mais próxima de uma chanchada do que de um épico consagrador.

O espetáculo circense demonstrou que não há credibilidade no que ele diz, o que, aliás, é o mais comum entre os políticos.

Há, apenas, uma ressalva. Nem todos são nivelados por baixo, de forma rasteira. Sobrevive o exemplo do senador Flávio Arns, do Paraná que, como exemplo para Mercadante e muitos outros, teve coragem de dizer, bem alto, que:

- "O PT jogou a ética no lixo e vai ter de achar outro caminho. Deu as costas ao povo, à sociedade e às bandeiras tão caras a tantas pessoas. Tenho vergonha de estar no PT".

Lamentavelmente, no caso do senador Mercadante, aplica-se o aforismo da abertura deste escrito, de forma deturpada:

- Ao rei tudo, até a honra!


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Imagens do lodaçal

Primeira imagem: Luiz Inácio Lula da Silva abraça Fernando Collor de Mello.

Ajuda-memória: Fernando Collor de Mello vem a ser aquele cidadão que, além de ter sido o único presidente afastado do cargo por falta de decoro em um país em que o decoro é artigo raríssimo, pagou a uma mulher para dizer na televisão que seu adversário (justamente Lula, naquele momento) quis obrigá-la a abortar da filha que ambos tiveram (Lurian).

Esse tipo de atitude é tão indecente, indecorosa, delinquencial que desqualifica qualquer pessoa para a vida pública (a rigor, também para a vida privada). Não é, portanto, passível de perdão. Lula até poderia aceitar o apoio de Collor para fazer parte da maioria governista. Aceitou o apoio de tantos outros desqualificados que, um a mais, um a menos, nem se notaria.

Daí, no entanto, a abraçá-lo publicamente e a elogiá-lo vai uma distância que, percorrida, desqualifica também a vítima de antes.

Segunda imagem, a de ontem: Fernando Collor de Mello cumprimenta José Sarney.
Ajuda-memória: Fernando Collor de Mello vem a ser aquele cidadão que com maior virulência atacou o governo Sarney, a ponto de chamá-lo de ladrão, pelo que jamais pediu desculpas.

Sarney nunca escondeu o profundo rancor que sentia pelo seu desafeto, que, aliás, só se elegeu porque era o mais vociferante crítico de um presidente que batia recordes de impopularidade.

Ao abraçar Collor e aceitá-lo na sua tropa de choque, Sarney implicitamente dá atestado de validade aos ataques do Collor de 1989 e, por extensão, junta-se a ele na lama.

Que Collor, o indecoroso com condenação tramitada em julgado, ressurja com os mesmos tiques e indecências de antes compõe à perfeição o lodaçal putrefato que é a política brasileira.

Clóvis Rossi


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Eu também quero namorar a neta do Sarney!!!



Comentário do FRID:


E o Lulla acha que está tudo bem, que o Sarney deve ser respeitado por não ser uma pessoa "comum", não matou, não roubou. Quantas pessoas já morreram pro causa dos governos sarneys no Maranhão? Quanto foi desviado dos cofres públicos?


Pergunta que não quer calar: por onde a família do Lulla? Ou ele também não é uma pessoa "comum" e seus parentes não devem ser investigados em suas "boquinhas", ongs com dinheiro público, empresas de fachadas, etc.?

Anormal profundo

Míriam Leitão


Parece pequeno. Afinal, o que é um emprego no meio de tanto desvio? O que é mais um ato secreto no meio de tantos baixados por tanto tempo? O que é mais uma ajuda de Agaciel Maia, que ajudou tanto os senadores que o nomearam e o mantiveram na Casa?

O que é uma filha pedindo um favor a seu pai, que transfere o pedido para o avô da jovem, que quer apenas um emprego para o namorado?

Tudo parece normal e pequeno, e é um exemplo exato do velho vício brasileiro que tem piorado nos últimos tempos. Maria Beatriz Sarney acha normal dizer: "Pai, meu irmão saiu do Senado, dá para o Henrique (namorado dela) entrar no lugar dele?"

A pergunta revela que uma jovem chamada Beatriz, da elite brasileira, acha que o país tem que dar um emprego público a seu namorado, sem concurso, através do tráfico de influências.

A tragédia brasileira poderia terminar aí, se o pai, Fernando Sarney, dissesse: - Não, minha filha, o que é isso? Cargo público se consegue por concurso, por mérito.

Mas Fernando não surpreende. Nem a filha, nem o país. "Podemos trabalhar isso sim", diz ele. E mais adiante: "Vou falar com Agaciel."

Agaciel é o mesmo dos escândalos passados. É o mesmo que foi posto no cargo por José Sarney. Este também não surpreende: "Já falei com Agaciel, pede o Bernardo para falar com ele." Bernardo é o rapaz que está saindo do cargo. Irmão de Beatriz, neta de José Sarney, que nomeou Agaciel.

Filha e pai têm conversas no dia seguinte. Seria bom, se a jovem dissesse: - Pai, pensei esta noite, que absurdo eu pedi ontem! É uso da máquina pública como se ela pertencesse à nossa família.

Se ela tivesse dito isso, havia esperança de que uma nova geração da mesma família tivesse valores novos. Infelizmente, ela insiste, acha normal que se o irmão saiu da vaga, que ela seja dada ao seu namorado. Vai ao avô com o pedido. Ele poderia ter dito, para melhorar sua biografia: - O que é isso, minha neta? Isso não se faz!

Mas ele reclama que ela demorou a tratar do assunto. Falasse antes para "eu agilizar".

Os telefonemas e transações continuam. Fernando Sarney liga para o ajudante de ordens do pai para explicar a questão e diz uma frase emblemática: "O irmão está saindo, é uma vaga que podia ser nossa." O país ficou sabendo assim que existem vagas "deles", capitanias, que vão do irmão da Beatriz para o namorado da Beatriz.

Em outro diálogo, o outro filho de Fernando Sarney, João Fernando, mostra como eles ocupam essa capitania. Ele trabalha em outra vaga familiar, no gabinete do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), amigo de José Sarney. João Fernando se diverte. Conta ao pai um fato inusitado.

O senador, seu chefe, o chamou. "Eu pensei que era coisa séria." E era para vê-lo porque ele nunca vai lá. Todos acham normal. Pai, filho, senador Cafeteira, que um jovem se abolete num cargo público e não compareça ao local de trabalho. "Chamei para te ver", disse o senador Cafeteira.

Voltando ao caso de Henrique, o que precisava ocupar o cargo do irmão da namorada, neta de José Sarney. O ajudante de ordens diz que o senador Sarney falará com Agaciel Maia, o diretor do Senado. Fernando, então, fala com o pai. José Sarney reclama de novo dos prazos: "Mas ele (Bernardo, irmão da Beatriz) entrou logo com um pedido de demissão..."
O que o avô não gostou é dessa pressa de sair antes que o cargo ficasse garantido com a família. E promete falar com Agaciel. Fernando, seu filho, responde: "É só isso aí, é isso que eu queria. Que tu desse uma palavrinha com ele (Agaciel). Se tu der, resolve." E resolveu. O cargo foi dado ao namorado da Beatriz, em ato secreto.

Nesses diálogos obtidos pelo "Estado de S. Paulo" está desnuda uma faceta da política brasileira. Um velho vício do Brasil, agravado: a família em questão é rica, muito rica. O avô, patriarca do clã, está inclusive esfriando a cabeça numa ilha particular.

Poderia pendurar quem quisesse nos muitos negócios da família: Henrique, Bernardo, Beatriz, João Fernando. Aliás, os prósperos negócios familiares estão nas mãos do pai de Beatriz, sogro de Henrique. Por que não ocorre a ninguém isso?

Ainda haveria uma esperança, se após o diálogo divulgado, o presidente do Senado repetisse a frase que disse diante de Tancredo morto: "Serei maior que eu mesmo." E encerrasse toda aquela conversa de mais uma vez tratar os bens públicos como parte de suas muitas propriedades. Fosse maior do que tem sido, por décadas.

Mas não há esperança. Os diálogos eram aqueles mesmos. Lá da sua ilha, o patriarca desculpa a todos: "Foram conversas de pai e filho." São sempre assim então as conversas de pai e filho?

O senador sem voto Wellington Salgado (PMDB-MG), conhecido por abonar qualquer mau comportamento, diz que é tudo normal. É político ocupando "espaço disponível".

Espaço para ele não é no sentido figurado, é físico mesmo: é emprego para a parentela. O 
advogado da família diz que o crime é divulgar a conversa. "É diálogo de natureza política", entende o ministro da Justiça, Tarso Genro.

Tudo parece normal. E é um instantâneo do anormal profundo com o qual o país tem convivido.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Lulla e as empreiteiras - CPI nele!

Deu na Folha de S. Paulo

O gol de Ronaldo

A informação de Ronaldo traz colaboração importante, se não para inquérito, por certo para uma biografia de Lula

De Janio de Freitas:

Conhecidas outras relações suspeitas ou comprometedoras entre Lula e ao menos uma empreiteira, nem a alienação dos grã-finos da oposição, nem artimanhas ou equívocos de transcrição podem obscurecer a gravidade da informação dada pelo jogador Ronaldo sobre outro comprometimento do próprio presidente da República com empreiteiras.

Em contraste com as versões publicadas no noticiário como se literais, mas todas abrandando a frase objetiva e clara de Ronaldo, Tostão, o cronista craque, fechou sua coluna de ontem com uma nota, "Absurdo", que repõe sentido e tempos verbais adequados ao original: "Ronaldo disse no programa "Bem, Amigos", do SporTV, que o presidente Lula tem ajudado bastante o Corinthians por meio de contatos com empreiteiros para a construção do centro de treinamento do clube! Absurdo um presidente fazer isso! Parei!".

Ronaldo segundo o noticiário da Folha: "Ele [Lula] é a principal pessoa que tem ajudado o Corinthians nesta nova fase. Mas não é ajuda financeira. O que ele tem feito é passar contatos de empreiteiras e indicar empresas que podem ajudar".

Ronaldo segundo "O Globo", na primeira página, lá sem aspas de palavras de transcrição: "Ronaldo surpreendeu ao afirmar, no "Bem, Amigos", do SporTV, que o presidente Lula vai indicar as empreiteiras que construirão o centro de treinos do Corinthians".

Ronaldo na página principal de esportes, com sinal de transcrição literal: "O presidente Lula é quem mais está ajudando o Corinthians nessa fase. Ele está dando alguns contatos de empreiteiras que podem nos ajudar, mas não é financeiramente. Ele é fanático, um corintiano roxo. O presidente está sabendo de tudo e indica as empresas que podem ajudar".

Registro meu, no trecho que aqui interessa, quando referido o encontro do jogador com Lula: ..."é uma das pessoas que mais ajudam o Corinthians. É o que ajuda mais. Ele pede a empreiteiras para nos ajudar".

Notícia anterior ao Lula presidente deu conta de que sua filha morava em Paris custeada por uma empresa, citada mais tarde como uma empreiteira.

Já em pleno mandato, a gigantesca empreiteira Andrade Gutierrez associa-se, e infla de capital, a pequena ou micro empresa de que um filho de Lula é sócio. E há meio ano está aí, consumada, uma das maiores aberrações já havidas no Brasil em negócios privados com a mão e o dinheiro providenciados pelo governo: a compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar (Grupo Andrade Gutierrez) antes mesmo que Lula alterasse a lei para torná-la possível.

Um dos três inquéritos pedidos, agora, pelo procurador federal Rodrigo de Grandis no caso Satiagraha, refere-se ao negócio BrT-Oi/Telemar, porque financiado por dois bancos estatais, o BNDES e o do Brasil, e participação de Daniel Dantas, com suspeita de crime financeiro ou lavagem de dinheiro em torno de sua parte. Esse é um inquérito que, se levado adiante pelo Judiciário, pode chegar ao que uma CPI, caso os partidos oposicionistas fizessem oposição com honestidade e civismo, já poderia ter chegado.

Tal como dada mesmo, a informação de Ronaldo traz uma colaboração importante. Se não para o inquérito, cujo pedido o Judiciário talvez prefira em um arquivo, por certo para uma biografia de Lula mais verdadeira do que a fabricada pela Unesco para um prêmio sem candidatos.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Novo verbete: Lular

Uma nova palavra foi acrescentada aos dicionários de português. Não chega a ser sinônimo de malufar, que sabemos todos o que é. Trata-se de um conceito mais abrangente.


Lular: Verbo totalmente irregular de estranha conjugação.
1. Ocultar ou encobrir com astúcia e safadeza; disfarçar com a maior cara de pau e cinismo.
2. Não dar a perceber, apesar de ululantes e genuínas evidências; calar.
3. Fingir, simular inocência angelical.
4. Usar de dissimulação; proceder com fingimento, hipocrisia.
5. Ocultar-se, esconder-se, fugir da responsabilidade.
6. Tirar da reta, atingindo sempre o amigo mais próximo, sem dó nem piedade (antes ele do que eu).
7. Encobrir, disfarçar, negar sem olhar para as câmeras e nos olhos das pessoas.
8. Fraudar, iludir
9. Afirmar coisa que sabe ser contrária à verdade, acreditar que os fins justificam os meios.
10. Voar com dinheiro alheio.

Mauro Ventura

11. Prosseguir como o mais popular entre todos, apesar dos dez itens citados, ou melhor, em decorrência dos dez itens anteriores.

José FRID

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Para entender o apoio do Lulla ao Sarney e chorar de raiva

Você quer entender por que o Lulla apóia o Sarney? O Severino Cavalcanti? O Renan Calheiros? O Palocci? Por que ele critica a imprensa que revela os podres dos políticos? Leia a entrevista abaixo e entenda porque o seu presidente nunca sabe de nada, nunca viu nada, acha que existam pessoas que não são comuns e por isso não devem ser julgadas, e sempre dá apoio aos políticos pegos "de calças curtas":


Entrevista com Leôncio Martins Rodrigues – professor titular de Ciência Política na USP e Unicamp, autor de vários livros sobre os partidos e membro da Academia Brasileira de Ciência:

Como explicar tantos escândalos no Congresso, que culminaram com os "atos secretos" e o desgaste do presidente da Casa, José Sarney?

O explícito apoio do presidente Lula – que assim paga a força que lhe deu Sarney no mensalão – configura a união de duas elites. O líder das oligarquias tradicionais do Nordeste junta-se ao líder das novas classes ascendentes.

Não é estranha, essa fusão entre classes historicamente contrárias?

A união foi possível porque os "novos" aderiram rapidamente ao projeto dos "velhos", de fazer da política uma escada para obter proveitos pessoais, enriquecimento e desfrute puro e simples do poder. É algo de fato original. Entre nós, a ascensão dos plebeus não significou a expulsão dos velhos oligarcas. Eles se entenderam, e chegamos aonde estamos.

O sr. imagina quando o País verá a luz no fim do túnel?

Confesso que não vejo saída a curto prazo. Os que poderiam mudar não tem interesse nisso. Reina a solidariedade entre toda a classe política. Mas há uma coisa que eles temem, a única: é não se reeleger. Portanto, só no longo prazo, com a educação do eleitorado, podemos esperar algo novo.

Por falar em massificação, como o sr. vê o futuro, entre nós, da democracia representativa?

Do ângulo da participação, diria que houve um aumento da democratização. Do ângulo do funcionamento, o progresso já não é tão evidente – a maioria do eleitorado não se vê representada pela classe política. Nesses aspecto, a massificação do jogo político não trouxe progressos à democracia. Como já disse, os ex-plebeus que ascenderam prometendo combater as práticas corruptas adotaram essas mesmas práticas rapidamente.

(Publicado em 22 de junho de 2009, Caderno 2, Estadão)


(Grifos meus)


José FRID

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sarney escrevendo sua biografia

Tremendo cara de pau!!

E o Lulla diz que ele é um homem incomum.

Sim, mas incomum no péssimo sentido!!

José FRID

sábado, 16 de maio de 2009

A arraigada leniência de Lulla com a falta de ética

Por Ricardo Noblat

A arraigada leniência de Lula com a falta de ética



Vejam o que Lula disse ontem no Rio em resposta a perguntas de jornalistas:
- Qual novidade vocês descobriram nisso [nas denúncias de que os deputados abusaram do uso das passagens aéreas]? Isso é feito desde a criação do Congresso Nacional.

O que ele quis dizer?

Que não acha nada demais no uso irregular das passagens?

Que o assunto é velho e que por isso não deveria ter sido objeto de denúncias?

Espera-se de qualquer pessoa que se diz comprometida com a ética e os bons costumes que condene todos os atos capazes de ferir a ética e de avacalhar com os bons costumes. 

E que condene de forma direta, clara, sem meias palavras, sem reticências.

Quando essa pessoa é o presidente da República, espera-se mais ainda dela.

Mas não. Com uma frequência espantosa, Lula contemporiza com o que é moralmente errado. Ou simplesmente errado.

Foi assim na época do escândalo do mensalão, que preferiu chamar de Caixa 2. Como se Caixa 2 não fosse também um crime.

Foi assim na época dos "aloprados" que forjaram um dossiê para atrapalhar a eleição de candidatos do PSDB em 2006.

Antes havia sido assim quando tudo fez para salvar Antonio Palocci, acusado de ter providenciado a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa - aquele que o viu em más companhias numa mansão de Brasília.

Lula só despachou Palocci quando percebeu que poderia se enrrascar se o perdoasse.

Avalizou a mentira de que não passava de banco de dados o que de fato era um dossiê sobre despesas sigilosas do governo anterior montado na Casa Civil para chantagear a oposição dentro da CPI do Cartão Corporativo.

No ano passado, cometeu a desfaçatez de defender Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciara à presidência da Câmara dos Deputados e ao mandato devido a um mensalinho pago por um concessionário de restaurante.

Lula passará à História por uma série de motivos, sim - e alguns muito bons. Mas passará também por ter sido um presidente leniente, relapso e cúmplice em episódios que degradaram a política e seus atores.

Nosso Comentário:

Lulla só é coerente com toda sua vida pública privada, com aqueles que o cercam, os companheiros das boquinhas, os parentes, os filhos "empresários", etc. e tal.



José FRID

Atualização em 2013:

Lulla continua o mesmo. Agora disse, na festa de 10 anos do PT no governo federal, que político honesto, ético, moral, só existe na imprensa!

A amante dele, Rosemary, está enrolada na justiça, esperando uma ajudinha do Lulla!

segunda-feira, 30 de março de 2009

segunda-feira, 16 de março de 2009

Marolinha - Lulla errou ou a gente é que não sabe espanhol??

Marolinha

E a marolinha de Lula era mesmo um tsunami, afinal. É fácil fazer piada com um erro de avaliação tão caudaloso, mas a própria eloqüência das imagens favorecidas pelo presidente da República torna isso inevitável. Opor o duplo diminutivo de uma pequena marola, isto é, ondinha ou ondulação natural do mar, a tsunami, nome japonês da vaga gigantesca provocada por tremores de terra ou erupções vulcânicas, é um exercício retórico tão expressivo quanto arriscado. E Lula perdeu.

A origem de marola, regionalismo brasileiro que o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa nem registra, não parece sólida. A maioria dos nossos dicionários aposta numa formação nativa do termo, que seria a junção de mar com o sufixo diminutivo "ola" - o mesmo usado em camisola e bandeirola. Mas não parece razoável descartar a possibilidade de o vocábulo ter vindo do espanhol marola, com uma alteração semântica no meio do caminho. Na língua de Cervantes, seu sentido é o oposto: onda grande.

Tsunami é outra história. Sabe-se que a palavra veio do japonês tsu (porto) + nami (onda) e que começou a ser usada por aqui já em fins do século 19. Sua popularidade, porém, só explodiu com o cataclismo que arrasou a Indonésia em dezembro de 2004: a imprensa brasileira em peso manifestou sua preferência pela cor exótica de tsunami sobre a velha palavra vernacular maremoto, que existe em nosso idioma desde o século 16.

Houve alguma discussão na época sobre a conveniência dessa substituição. É verdade que tsunami nomeia uma onda gigante em si, individualizada, enquanto maremoto se refere de forma mais ampla ao fenômeno de extraordinária ondulação do mar provocado por abalos sísmicos. No entanto, também se pode argumentar que a adoção maciça da palavra japonesa trai a memória coletiva lusoparlante, traumatizada pelo maremoto que desvastou Lisboa em 1755.

Publicado na "Revista da Semana".

Sérgio Rodrigues em Todoprosa

Conclusão:

O Lulla não errou, nós é que não sabemos espanhol!!

Ou não?

José FRID

quinta-feira, 5 de março de 2009

Descascando a Bala - Lulla x Obama


Parece um detalhe minúsculo diante da grandiosidade do fato histórico que acabamos de presenciar, mas eu começo meu texto falando em quem? Nele, no Presidente Lula. Para ressaltar o que acho ser o vale profundo que separa nossos países.

Lula descasca uma bala, Obama a desembrulha. Lula joga o papel no chão e acha isso perfeitamente natural; insiste que no mundo todo isso nem seria notado. Obama, caso aceitasse comer uma bala durante solenidade oficial, poria o papel no bolso até poder jogá-lo numa lixeira. É um detalhe? É, mas daqueles fundamentais, como o sorriso da Mona Lisa: em toda a tela de da Vinci, quanta beleza, quanto talento, quantos simbolismos. Mas o que mais chama atenção? O   pequeno detalhe do sorriso.

Obama foi eleito presidente dos EUA e não do mundo. Seu interesse primeiro é seu país e o povo americano. Problemas internos, muito sérios, não lhe vão faltar. Mas, pela primeira vez na história daquele país, foi eleito um homem mestiço, filho de um queniano e de uma jovem do Kansas, que passou parte da infância entre o Havaí e a Indonésia, teve oportunidade de conviver com crianças e jovens de  outras nacionalidades, de conhecer outras religiões e filosofias, e que por mérito e esforço próprios cursou boas universidades na Costa Leste. Isso o diferencia de todos os outros presidentes americanos.

Sobretudo o diferencia de George W. Bush, rapaz muito rico, mas que até ser presidente da República nunca tinha ido além do México. E assim mesmo porque era muito perto de sua casa, talvez até considerasse aquele país a continuação de seu quintal.

A eleição foi uma festa, uma linda festa que congregou, e aí está sua maior beleza, a grande maioria dos americanos e não somente os brancos, anglo-saxões e protestantes. Os EUA celebraram aquilo que já deveria ter sido celebrado desde o fim da Guerra Civil, desde que imigrantes começaram a desembarcar de navios abarrotados de gente no porto de Nova York.

Finalmente ouviram a voz da Estátua da Liberdade e responderam aos agourentos que achavam aquela grande nação à beira do desaparecimento. Como disse o presidente-eleito na noite de sua vitória: "Foi a resposta dada pelos jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, latinos, asiáticos, índios, homos, heteros, inválidos e não inválidos - somos e sempre seremos, os Estados Unidos da América".

Barack Obama viu mais longe que os outros; não podemos desmerecer a luta e o sacrifício pessoal de Lincoln, de Martin Luther King, de Rosa Parks, dos meninos de Little Rock. Mas Obama viu que o que uniria o país era a força de seu "melting pot" em potencial, e não o ódio, não a vingança, não o punho cerrado, mas o abraço.

Pode ser que ele não consiga realizar o sonho das multidões que vibravam e choravam na noite de 4 para 5 de novembro. Seja como for, ele abriu a porta, derrubou barreiras, rasgou a picada, deu os primeiros passos. Torcida não lhe vai faltar.

Enquanto isso, no Brasil, o Chefe da Nação não diz duas palavras sem atiçar o fogo, sem jogar brancos contra negros, pobres contra ricos, instruídos contra iletrados, nordestinos contra sulistas, partidos contra partidos, povo contra a Imprensa, todos contra todos. Não fala, grita, berra. Esfalfado, ouve os uivos da platéia, acha que está sendo adorado, e parte para outro palanque.

Criou um Ministério da Integração Racial que é tudo que nós menos precisamos. Seu titular teve a idéia de criar a Delegacia do Negro!

Se um negro é assaltado, ele vai procurar a delegacia dele, não uma delegacia qualquer.. Breve, delegacias para japoneses, coreanos, chineses... e o nome disso é Integração Racial.

"Espero que Obama (...) não vá gastar um ano sem resolver imediatamente a crise. Agora a crise pode ser debitada ao atual governo, mas um ano depois de ele tomar posse é dele também", disse Lula. Quer dizer, o Obama não pode apelar para a herança maldita do Bush! E ainda: "Acho que ele é suficientemente inteligente para tomar as medidas para evitar que a crise continue".

Pode deixar, Lula, Obama é brilhante. Peça ao Amorim para ler consigo o site que ele inaugurou logo no dia 5, Change.gov. Vá direto à política externa. É de chorar de emoção. Depois, leia todo o site e aprenda como se faz política respeitando o povo, o eleitor, o cidadão. O dado concreto, Lula, é que Change. gov é extraordinário!


As coisas estão no mundo, só que eu preciso aprender!


Paulinho da Viola (?)