Mostrando postagens com marcador Antonio Di Benedetto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Antonio Di Benedetto. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Das cores da natureza


"Sobre a ruína, transcorre a vida, em busca da segurança de subsistência: um bando de periquitos celestes, quase azuis os machos, de um branco apenas banhado de céu as fêmeas."


"Cavalo no salitral"

Antonio Di Benedetto in "Mundo animal e outros contos", Editora Globo, 2008, tradução de André de Oliveira Lima

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Da natureza dos relâmpagos

"...os relâmpagos que são de uma pureza como a lâmina do mais perigoso aço".


"Cavalo no salitral"

Antonio Di Benedetto in "Mundo animal e outros contos", Editora Globo, 2008, tradução de André de Oliveira Lima

sábado, 19 de abril de 2014

Gravidez


"Vinha se sentindo circundada de vazio, e com nada dentro. Agora, na sua matéria, está enfiada outra matéria, que possui temperatura e palpita, que a preenche e cresce. Não obstante, conjectura que um dia essa matéria vivente será evacuada e, então, no seu interior, como n exterior, o nada se estabelecerá."



"Trocas com morte"

Antonio Di Benedetto in "Mundo animal e outros contos", Editora Globo, 2008, tradução de André de Oliveira Lima

domingo, 13 de abril de 2014

O incêndio personificado


"O incêndio toma a liberdade de entrar na sala do juiz; fica curioso do cofre, assedia, lambe e infiltra nele o seu bafo de chama."


"É superável"

Antonio Di Benedetto in "Mundo animal e outros contos", Editora Globo, 2008, tradução de André de Oliveira Lima

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Angústia

"Percebo a angústia dos dois homens que limpam o escritório, ao anoitecer, quando se reúnem com o seu café e os seus bolinhos, e falam do que desejariam fazer, que é como dizer que não desejam fazer o que fizeram esse dia e todos os dias."


"É superável"

Antonio Di Benedetto in "Mundo animal e outros contos", Editora Globo, 2008, tradução de André de Oliveira Lima

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Você é o que come?

"Eu via meu burro mascar margaridas e presumia que essa placidez de vida, essa serenidade de espírito que lhe ultrapassava os olhos, era obra das cândidas flores".

"Borboletas de Koch"



Antonio Di Benedetto in "Mundo animal e outros contos", Editora Globo, 2008, tradução de André de Oliveira Lima

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Sobre Antonio Di Benedetto e sua literatura


"Di Benedetto escrevia como se a realidade fosse simples. E isso não lhe bastava, fazia algo mais: escrevia como se escrever fosse simples."

"Sua visões do mundo oferecem sempre uma revelação, e, no seu emprego das palavras, abundam as descobertas (não descobre palavras, não as inventa, nada lhe é mais alheio que o rebuscamento; o que faz é extrair, das mesmas palavras, novas qualidades, no sentido em que se diz que são descobertas novas propriedades em uma substância já conhecida)".

"Em compensação, é preciso entender que a economia verbal de Di Benedetto como uma forma de riqueza. É uma escrita que se controla e se contém, mas deixando ver que há mais, que sempre há mais coisas."

"...é certo que Zama é um dos mais notáveis êxitos no seu gênero de toda a literatura latino-americana; também é certo que Di Benedetto se adiantou com a experimentação de uma escrita de puros objetos ou de puras ações, em que as conexões explicativas ou as marcas da subjetividade se vêem suprimidas por completo."

"A realidade pura e simples, diz Antonio Di Benedetto, é o objeto por excelência da sua literatura. E ele concebeu a escrita mais adequada para mostrá-la assim, pura e simples (os artifícios de escrita que permitem percebê-la assim, pura e simples).

Martín Kohan no prefácio de "Mundo animal e outros contos", Antonio Di Benedetto, Editora Globo, 2008, tradução de André de Oliveira Lima

terça-feira, 1 de abril de 2014

Mundo animal e outros contos - Antonio Di Benedetto


Antonio Di Benedetto in "Mundo animal e outros contos", Editora Globo, 2008, tradução de André de Oliveira Lma


Faz tempo que eu não lia um conto tão instigante quanto "É superável". Em pouco mais de seis páginas surpresas e mais surpresas, um domínio total da escrita. Ponto alto do livro, que começa bem com "Borboletas de Koch", passa por "Ninho nos ossos" - muito imaginativo, chega a "Cavalo no salitral" - triste e lindo conto, "Falta de vocação" - os perigos da imaginação e da escrita, fechando com chave de ouro com o conto" O juízo de Deus".



O livro é composto por contos de três livros de Benedetto: Mundo Animal (1953), Grot (ou Contos claros) (1957) e O carinho dos tontos (1961). Não há identificação a que livro cada conto pertence, mas aqueles com referências explícitas a animais, os primeiros 16 contos, devem ser do primeiro livro.

"Borboletas de Koch" é interessante, relato de confusas observações da natureza.

"É superável" é fantástico, a vida de um ser do nascimento à morte e mais além, outras vidas e outras mortes, mas não o fim, com transformação em outros seres  - consciência da própria morte!

"Cavalo no salitral" é triste e lindo, a reciclagem na natureza.

"Falta de vocação" é um bom conto sobre ter-se imaginação e o ato de escrever. A imaginação pode ser perigosa!

"O juízo de Deus" fecha com galardio o livro, um ótimo conto de suspense, como as pessoas podem se enganar por tirarem conclusões precipitadas.

Entretanto, nem tudo é de grande qualidade, ao meu ver. "O carinho dos tontos" é longo e tedioso, versando sobre a culpa feminina da traição...envelheceu? Alguns dos contos de "O mundo animal" são desinteressantes, tais como "Reduzido", um cachorro de sonho, "Em vermelho de sangue", ratos e mais ratos, etc. 

Mas os cinco contos destacados acima valem o livro!

Leia aqui no blog trechos destacados do livro.

Boa leitura!

José FRID