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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A morte....

Assim como ninguém nasce fora da história,
ninguém morre de morte natural. 
A morte nunca desiste, é ao mesmo tempo universal e não. 
Ela é distribuída em desproporção,
chega por meio de ataques de drones e armas
e mãos de maridos,
é transportado pelos minúsculos dorsos de micróbios criados em hospitais,
circulando nas tempestades erguidas pelo novo clima capitalista,
chega através de um murmúrio de radiação
instruindo a mutação de uma célula. 
Ela tanto se importa com quem somos
Como não se importa.
 Poesia alheia sobre fragmento de Anne Boyer  in The Undying 

"Just as no one is born outside of history, no one dies a natural death. Death never quits, is both universal and not. It is distributed in disproportion, arrives by drone strikes and guns and husbands' hands, is carried on the tiny backs of hospital-bred microbes, circulated in the storms raised by the new capitalist weather, arrives through a whisper of radiation instructing the mutation of a cell. It both cares who we are, and it doesn't."

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Dois segundos (Poesia alheia)


A força de uma natureza
que nem ele mesmo parecia conhecer
levava dois segundos
para se impor em um arroubo
que transbordava
e ganhava vida própria
à revelia de sua própria
existência.


Poesia alheia elaborada por José FRID sobre texto de Julio Maria sobre Luiz Eça, no Estadão,
25 de abril de 2017

sábado, 6 de maio de 2017

Arrastão (Poesia alheia)


Sua mão esquerda
assumia o protagonismo
com a mesma intensidade que
a direita saía ligeira
para as regiões mais agudas
do piano.


A harmonia fazia a mesma melodia
atingir o estado de levitação
sem nunca ser a mesma
e seu suingue chegava com força
para arrastar três homens
ou uma orquestra inteira.


Se não fosse nada disso
também seria bom.


Poesia alheia elaborada por José FRID sobre texto de Julio Maria sobre Luiz Eça, no Estadão, 25 de abril de 2017

quarta-feira, 16 de julho de 2014

FUTURO


Se
perdemos, perdemos.
Por que não?
Podemos ganhar
depois.
Porque tudo é
passageiro.

Quando temos,
Nos alegramos por
ter.

Quando perdemos,
podemos nos entristecer,
mas nos preparar para ganhar
adiante.

Tudo na vida é
transformação.

José FRID

(Poesia alheia sobre entrevista da Monja Coen para Doris Bicudo no Estadão de 16/11/08)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Solar





Solar


Apenas tento encarar tudo
como uma pessoa normal.
Não posso dizer que o sol brilha
sobre mim o tempo todo,
mas eu sei que no fim
tudo vai ficar bem.
Aprendi muito da estratégia
da tentativa e erro.
Perguntei a mim mesma
se queria ser uma pessoa cansada
ou alguém em contínuo movimento.
Não é fácil,
mas essa é a vida.


José FRID


Poesia alheia sobre entrevista de Brittany Howard a Jotabê Medeiros, Estadão, 30 de junho de 2012.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Que eu possa jazer no chão e dormir (Para Guilherme)



Se vivermos tempo o bastante,
o pesar se torna uma cicatriz recorrente na paisagem.


A morte apaga os pais, os amigos 
e os cônjuges
do mapa do nosso mundo,
desertificando e encolhendo o terreno.


Até a morte de pessoas de quem não gostávamos
especialmente
provoca a inquietante sensação
de que a nossa própria
extinção
está correndo ao nosso encontro certa e
impensável.


José FRID


Poesia alheia sobre resenha de Gary Indiana in Bookforum, tradução de Augusto Calil, in Sabático, Estadão, 10 de setembro de 2011.



terça-feira, 15 de junho de 2010

Poesia Alheia: Sauvignon ao luar



Numa noite de verão,
com luar poderoso,
colhi Sauvignon
nesta última propriedade,
em San José, perto de Montevidéu.


Depois da meia-noite,
os trabalhadores chegam de ônibus,
ceiam
e vão para o campo.


Chapéu de mineiro na cabeça,
luzinha ajustada para o vinhedo
e paciência com a tesoura,
cacho por cacho,
íamos depositando
com cuidado de berçário,
as uvas nas nossas cestinhas.


Partilhar o mate quente
e admirar aquele bando de
vaga-lumes humanos
catando suas uvas
fez pensar como um vinho assim,
com todo o trabalho envolvido,
pode custar tão pouco
e não ser intensamente desejado.


José FRID


(Poesia alheia com base em artigo de Luiz Horta "Noite em branco", publicado no caderno Paladar do O Estado de São Paulo, 29 de abril de 2010, p.6)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Poesia alheia: O porquê da linguagem

Eu sou pai de filhos
e não sou nenhum imoral.
Ao contrário.
Só que eu uso a linguagem do meu
povo,
que é cheia de palavrões, sim.
Eu não sou de fazer cerimônia,
sou um autor que saiu do seio do
povo.

Plínio Marcos

(Poesia alheia sobre reportagem de Beth Néspoli, O Estado de São Paulo, 29 de setembro de 2009)

José FRID

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Poesia alheia: Ser poeirinha


Quando a gente sai de casa
(pra um passeio, ou uma viagem),
as coisas já tomam outras proporções.

Você se sente especial,
e ao mesmo tempo percebe que ninguém é especial.
Lá,
talvez essa sensação seja um pouco maior.
Lá,
você não é nada mais que uma
poeirinha.

José FRID
(poesia alheia sobre e-mail de EFS comentando "Ruínas Romanas" do Cláudio Willer)


sábado, 16 de maio de 2009

Poesia Alheia: Do amor sobrou o teatro e a água - Homenagem a Boal

Do amor sobrou o teatro e a água.


Sou engenheiro químico
porque meu pai queria
que eu fosse doutor e
teatro
não dava doutorado
na época.


Tinha uma namorada
de quem eu gostava muito
e ela foi fazer
Química.
Fui atrás. Entrei na faculdade
e ela não, acabou fazendo
Letras.


Eu não era o
primeiro
aluno da sala, mas não era o
último.
Ficava na
média.
Mas já esqueci tudo.
Só me lembro que
a fórmula da água é
H2O.


José FRID

(Poesia alheia com base em entrevista de Augusto Boal à Radio França Internacional, publicada pelo Estadão em 9 de maio de 2009)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Poesia alheia de futuro!

FUTURO

Se
perdemos, perdemos.
Por que não?
Podemos ganhar
depois.
Porque tudo é
passageiro.

Quando temos,
Nos alegramos por
ter.

Quando perdemos,
podemos nos entristecer,
mas nos preparar para ganhar
adiante.

Tudo na vida é
transformação.

José FRID

(Poesia alheia sobre entrevista da Monja Coen para Doris Bicudo no Estadão de 16/11/08)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Poesia Alheia em terra de bravos soldados




À Espera do Príncipe Encantado


Agora há pouco,
numa esquina estratégica,
entrada de um bairro estratégico
e visado
(não vou dizer qual nem onde por que não sou dedo-duro),
patrulhinha com dois PMs dormindo,
um de boca aberta e cabeça no espaldar,
outro de boca fechada e cabeça caída.
Não podia ser um só dormindo e o outro acordado?
Tipo piloto e co-piloto em avião?
Putz.
Fiquei preocupado
não apenas pela segurança do tal bairro,
mas pela segurança da dupla de bravos soldados.
Tem que ser bravo pra dormir assim no ponto
numa cidade como o Rio.
Ou então estar fazendo muita dupla-jornada e
bico.

José FRID


Poesia Alheia sobre texto de Arnaldo Bloch - Dois PMs dormindo

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Poesia alheia mudacional


Mudando por si mesmo


"E
não podemos mudar
o mundo mudando
as pessoas que vivem nele
― à parte a total impossibilidade prática de tal empresa ―
tanto quanto não podemos mudar
uma organização ou um clube tentando,
de alguma forma, influenciar seus membros.
Se queremos mudar
uma instituição, uma organização,
uma entidade pública qualquer
existente no mundo,
tudo que podemos fazer é rever
sua constituição, suas leis, seus estatutos e
esperar que o resto cuide de si
mesmo".

José FRID sobre texto de Hannah Arendt em A promessa da política

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Las Vegas, 21!



Las Vegas, 21!


(ou "jogando com nosso dinheiro")



Na entrada,

o alvo (Ferreira),

simplesmente,

colocou a mão para fora do carro e

acenou para o vigilante, este,

prontamente,

levantou a cancela para a sua entrada sem exigir nenhum tipo de

identificação.

O alvo entrou

e estacionou na parte que fica rente

ao gabinete

21

do senador Efraim Morais.



O alvo desceu

do carro e se deslocou em direção

à porta

que dá acesso direto do estacionamento

ao gabinete

21,

tomou umas chaves no bolso,

abriu a citada

porta

e entrou no

gabinete

21.


José FRID


(Poesia Alheia com base no Relatório do Departamento de Inteligência Policial (DIP) nº 055/06, Brasília – DF – fraude em licitações do Senado, divulgado no Blog do Noblat)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Mais Poesia Alheia Olímpica


Olímpica II


Resgate da honra
Acima da superfície
Cielo se supera e leva o bronze.
Choro de um lutador
Com as malas prontas para voltar ao Brasil:
Reencontro com o pesadelo
Dói demais perder por um ponto.
Recordes em série no cubo d'água:
Testes de paciência
Novo maiô, nova piscina
e novos treinamentos são as explicações.
Sete atletas e um sonho:
A dourada que todos cobiçam
Promessas vazias
Quem perder está fora
A timidez terá que dar lugar à agressividade
Os juízes são "caseiros"?


José FRID
(Poesia Alheia com base em manchetes do caderno especial dos Jogos Olímpicos do Estadão)

Poesia Alheia Olímpica



Olímpica I


A novela continua

Não vai passar, não

Mais um cavalo do Brasil é vetado.

Multidão é documento

Meninas na parede

De pernas pro ar

De olho no fenômeno.

Trabalho duro

Valentia Premiada

Sonho feito de bronze

Mais uma medalha, mais uma cirurgia

Lugar no coração.

Apesar de as competições estarem a todo gás
Sem pressão, novatos tentam surpreender
Na final. E sem pressão.

José FRID
(Poesia Alheia com base me manchetes do caderno especial dos Jogos Olímpicos do Estadão)

terça-feira, 15 de julho de 2008

Mais Poesia Alheia



Ficção
As Memórias do
Livro.
Crepúsculo,
Ensaio Sobre a Cegueira:
Uma vida inventada.
O Guardião
de Memórias, o silêncio dos Amantes.
A Cidade do Sol,
O Caçador de Pipas,
O Vendedor de Sonhos.
A menina que roubava
Livros.
Não Ficção
1808 - Uma breve história do Mundo.
O Segredo:
Comer, rezar, amar.
Investimentos inteligentes:
O Mago, a Lição Final,
O Monge e o Executivo.
Marley e Eu: A vida ao lado do pior cão do Mundo.


José FRID

(poesia alheia com base na "Lista dos Livros Mais Vendidos" do Estadão de 13 de julho de 2008)

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Banquete dos Astros (poesia alheia)



Surge no céu
uma combinação astrológica
ambiciosa demais com
Sol e Júpiter.
Não nos contentaremos com pouca coisa.

3 tomates-cereja
1 colher (sopa) de ricota
4 folhas de manjericão
azeite de oliva a gosto
2 ovos
2 colheres (sopa) de creme de leite
sal e pimenta-do-reino a gosto
1 pitada de noz-moscada

Mas vale lembrar que
a onipotência,
a vaidade e
a presunção sempre dão
errado.

Com uma faca afiada,
corte os tomates em rodelas.
Numa tigelinha refratária individual,
coloque as rodelas de
tomate e a ricota.

Se quisermos abraçar o mundo com as mãos,
não vamos conseguir.

Com as mãos,
rasgue as folhas de manjericão sobre o
tomate e a ricota.

Ao mesmo tempo,
Marte e Saturno
também se combinam
e paralisam um pouco as coisas.

Quebre os ovos sobre a camada de
tomate e ricota.

Um dos resultados é
que ficamos com medo de tomar atitudes,
de ousar e nos arrepender.

Fure as gemas com um garfo.
Coloque o creme de leite sobre os ovos,
tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto e
rale um pouquinho de noz-moscada.
Não precisa misturar.

Escolha o caminho do meio:
foque no projeto que lhe interessa e
priorize esta escolha.

Asse no microondas.
Três minutos deixam a gema bem firme.
Se quiser ela mais molinha, dois minutos são suficientes.

José Frid

(Sobre horóscopo de Marcelo Dalla e receita de Rita Lobo, publicados no jornal Destak)
Veja o manifesto da poesia alheia mais abaixo)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

MANIFESTO DA POESIA ALHEIA

"a verdade, cuja mãe é a história" - Pierre Menard

1. a poesia já está pronta no mundo, cabe ao poeta apenas identificá-la.

2. em todas as artes visuais e auditivas já se notou que é possível encontrar poesia (poetik) pronta no mundo, bastando ao artista registrá-la. a poesia escrita, versificada (dichtung), permanece presa à concepção de que o artista precisa acrescentar algo de seu ao real para transformá-lo em arte.

3. um fotógrafo não cria a cena de sua arte. ele tem a sensibilidade de captar com suas lentes o momento, o gesto, a expressão, a luz - a poesia. a poça, o café, a paisagem, a criança, o engravatado, são todos ready-made.

4. como o fotógrafo, o poeta alheio tem ao seu redor as paisagens dos textos e, em sua leitura, a sensibilidade para captar a imagem poética. ele apenas a enquadra em versos, dá, se necessário, o foco com sua pontuação e, finalmente, sugere ou explicita a imagem com um título.

5. a idéia da poesia criada, da poesia-inovação, não é apenas um preconceito - é um preconceito moderno. a antigüidade sempre reconheceu a mimesis como poiesis. não há imitação sem criação. todos os grandes épicos foram criados sobre outros textos, recriação de tradições orais ou de outros épicos.

6. a poesia alheia traz em seu bojo a superação do conceito moderno de originalidade. os gregos atribuíam a um indivíduo - homero - a autoria de textos que hoje são considerados obra de todo um povo, e foi só a partir dos helenísticos que se enraizou a necessidade de destaque do autor concreto de uma obra. hoje indivíduo e originalidade parecem ser elementos indissociáveis do conceito de autoria, daí a denúncia feita pela poesia alheia.

7. a poesia alheia surge como um movimento literário pós-moderno, fundado na superação do indivíduo autônomo burguês, também conhecido como moderno - ficção romântica calcada no culto ao gênio, na busca de metanarrativas totalizantes, de verdades abstratas e valores universais. para isso vieram com a bravata da "originalidade" e da "novidade".

8. a poesia alheia não se pretende um ismo, ou um ismo a mais: ela se afirma como poesia alheia, e não como alheinismo, e seus poetas, alheios e não alienistas.

9. o poeta alheio não cria as formas da poesia que faz - o poeta alheio é aquele que identifica/localiza a poesia existente. todo poeta deve ser mais fabulador do que versificador, porque ele é poeta pela imitação e porque imita.

10. como dizer que um poema é seu? se a poesia está é nos olhos de quem a descobre. se a poesia já está pronta no mundo. se nada há que seja novo debaixo do sol. como dizer que um poema não é seu?

11. o trabalho braçal não é condição essencial para a poesia alheia. a descoberta pode ocorrer num texto sem que este tenha necessidade de ser modificado. o trabalho pode se dar apenas nos sentidos e significados, sem que uma única vírgula precise ser mexida.

12. a simples atribuição de um novo sentido até então desconhecido ou a colocação de algum verso num contexto até então impensado pode constituir um poema. por acaso os versos têm lacre de segurança? uma vez usados, não podem ser reutilizados?

13. o poeta alheio não faz malabarismos com palavras. o mérito do poeta alheio não está em criar, está na descoberta. mede-se um poema alheio pela qualidade da descoberta. descoberta, redescoberta, rerredescoberta e todas as outras descobertas são poesia, tantas vezes quantas forem as inúmeras descobertas.

14. a poesia alheia é a descoberta do poético no texto alheio. é dever do poeta que a descobre revelar essa poesia. não aproveitar a poesia presente no mundo não é apenas um preconceito: é um desperdício.

15. duas entrevistas alheias:

WOB - octavio paz, gostaríamos de saber sua opinião sobre a polêmica de a poesia alheia ser um passo atrás em relação às vanguardas que pregavam a ruptura e a invenção.

OCTAVIO PAZ - al negar la tradición, la prolongamos; al imitar a nuestros predecesores, los cambiamos. la imitación es invención: la invención, restauración. (cf. convergencias. barcelona: seix barral, 1992. p. 147)

WOB - josé paulo paes, e o senhor, como entrou nessa de poesia alheia?

JOSÉ PAULO PAES - eu me lembro que quando descobri o bandeira, vi um anúncio de um batom que dizia assim: de lábio em lábio, dou a volta ao mundo. pronto, pensei, é só você colocar don juan, no título, e você tem um epigrama direitinho. de modo que, tendo os olhos e a sensibilidade em estado de alerta, você pode captar o poético a todo momento. (cf. revista cult n. 22, maio de 1999)

então, seguindo o conselho do mestre, como seria o tal poema:
DON JUAN

de lábio em lábio
dou a volta ao mundo

16. nenhum texto está a salvo de conter poesia. pode-se fazer poesia alheia roubando uma frase dentro do ônibus, um aviso em bula de remédio, um texto de pound. exemplo:
TESOURO DOS CZARES

o depósito antigo
de coisas preciosas
de cujo dono não haja
memória será
dividido por igual*

17. não existe estelionato poético. direito autoral? plágio? acima deles a carta magna: "a propriedade atenderá sua função social". há verdadeiros latifúndios poéticos prontos para terem seus tesouros revelados pelos poetas alheios e há poetas alheios latentes em todos, non sibi sed bono publico - não para si, mas para o bem público.

18. a verdadeira atividade criativa (e a proteção autoral pressupõe isso, uma "criação do espírito") estaria em quem encontrou o poético no texto, e não no texto em sua versão original.

19. ata do copom, bula de medicamentos de tarja preta, manual de instruções do vídeo cassete, editorial de jornal sobre os rebeldes maoístas no nepal, descrição do ciclo migratório das enguias do atlântico norte, gramática normativa da língua portuguesa, sala de bate-papo da internet, fórmula matemática para descobrir números primos, errata de livros mal revistos, resenha de crítico de arte, constituição federal, laudo do iml, e-mails de spam, uma entrevista do lula: em tudo há poesia.

20. garimpai!

wallace o'brian

piratininga, 22 ou 23 de janeiro de 2005 .