terça-feira, 19 de junho de 2007

Cafetão incidental



Rua nas cercanias da Praça da Sé.

Ela vai à frente, rápida, decidida, segura. Ele atrás, cabeça baixa, tenta acompanhar seus passos com medo de perdê-la.


Ela encara os passantes, oferecida. Ele disfarça, encolhido. Vejo os dois, captei a transação, estou acostumado com isso por ali. Ela me vê e, sem parar, passa por mim e fala:


- Dê trinta minutos e me encontre no balcão. Estarei pronta esperando você, gostoso.


Surpreso, paro próximo à porta do hotel. Ela entra, cumprimenta o caixa do balcão, pega a chave que ele lhe dá e sobe a íngreme escada de madeira.


O cliente viu, lá de trás, ela falando comigo e, parando ao meu lado, pergunta:


- Pago para você?


Sorrio. Virei cafetão.


José FRID

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