domingo, 1 de julho de 2007

Os conselhos da Marilda

Depois dos conselhos do Dráusio Varela,

Os conselhos da Marilda:

Se não quiser adoecer, vá ao Rio de Janeiro!

Depois de uma palestra sobre sonhos, ideais, verdadeiramente utópicos (que seria do pensamento se não fosse a utopia?), regada a bons contatos, vejo os Arcos da Lapa, a Sala Cecília Meirelles/Guiomar Novaes, o Circo Voador, tudo isso nessa coisa que são os Arcos da Carioca: um prazer aos olhos esse belo espaço, que se abre ao pé do morro, antes do mar, ali perto do antigo coração político do país.

Ali, onde o moderno e o antigo convivem em contrastes determinantes, o rico e o pobre, o colonial e o moderno, nos seus limites, como a catedral cônica concreta & os prédios cúbicos de vidro e brises de alumínio - e as igrejas barroco-neoclássicas no pano de fundo, pontuando com suas torres o casario baixo, os predinhos residenciais sem recuo.

A singeleza da arquitetura colonial, com a notável presença da igreja. A Igreja da Nossa Senhora do Carmo da Lapa, um pedacinho do céu; a Catedral de São Sebastião - moderna barroca - lindos vitrais e esculturas, projetada por Edgar da Fonseca - que eu nem sei quem é! - uma praça coberta, porque é entroncamento de circulação de pedestres; a Candelária - gótica - barroca - neoclássica; aquela preciosidade de sofrimento eterno - só altares de Cristo se remoendo no calvário - naquela igreja ao lado da antiga catedral - sombria soturna, esquecida, deveria ser dos negros, se não me engano, ali no centro do poder: Av Pres. Antonio Carlos, perto do Tribunal de Justiça, Promotoria Pública e dos militares: a Igreja dos Santos coronéis, tenentes e majores, barroca sanitarista - pintada de branco... em fim as igrejas , que explicam a nossa história.

E o porto das balsas pra Niterói, denegrido pelo viaduto do século XX, mas um conjunto lindinho que arremata uma das mais belas vistas da orla, pontuada pela Ilha Fiscal, pela Ponte Rio-Niterói, nesse skyline de mar recortado, grotões de pedra e morros, ainda pontuados de vegetação.

Esse maravilhoso Rio de Janeiro, abençoado por Deus, que tem essa porção de arquitetura colonial brasileira maravilhosa, com seus belos acabamentos em cantaria: aquela profusão de pedras que arrematam os prédios, as fachadas, as esquadrias e as calçadas!

As calçadas tão únicas com aqueles belíssimos blocos de granito, quarenta por oitenta, naquele maravilhoso arruamento colonial: ruinhas tortuosas com sobradinhos: belos conjuntos, com janelas, janelas e janelas, portinhas e portãozinhos, com corredores que se adentram pelo interior das quadras, cheias de cortiços...ali ao lado dos corredores da Avenida Presidentes Vargas, e da Avenida Rio Branco, que vai do mar ao mar, em pleno centro da cidade.

Aquela Lapa - pobre, muito pobre, e rica, muito rica de poesia: biodiversidade entrópica- barzinhos que pululam um atrás do outro, charmosos nos seus prédios restaurados com paredes de pedra, e gafieiras... gays, policiais, prostitutas, empresários e comerciantes e os estrangeiros: uma verdadeira "casa da Mãe Joana", ali ao lado do "Carioca da Gema".

Essa terra é linda!

(Marilda F., paulista, descendente de Bandeirantes, arquiteta, urbanista, profª História da Arte, amiga)

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