terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sagrado e profano



"Estávamos numa mesa em Ouro Preto e um amigo mineiro observou que nas pequenas cidades do estado as igreja, motéis e cemitérios sempre ficam no alto. Nunca tinha reparado nisso.


Ficamos matutando por que. No caso da igreja, sugere alguém, era para vigiar o comportamento dos moradores. Ou então, contra-argumenta outro, para punir os fiéis, obrigando-os a subir até o alto.


O motel, concordaram todos, era para evitar ser visto - em cidade pequena a fofoca corre solta. Quanto ao cemitério, um participante do papo diz: "É para lembrar a todos para onde iremos."


No fim das contas, surgiu uma explicação profana para justificar a coincidência geográfica: o mineirim vai com a amante para o motel, depois segue até a igreja para rezar e expiar a culpa, e termina no cemitério, depois de flagrado pelo marido da moça.


Era uma mesa de jornalistas, escritores e roteiristas, gente com imaginação fértil, é bom frisar."





Mauro Ventura

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