Do Blog da Clarah Averbuck:
III. só comigo ou tudo culpa do bob dylan
ontem fui dormir cedo, acordei hoje surpreendentemente na hora, depois de sonhar uma espécie de continuação da noite que não aconteceu, tomei banho, me empacotei e fui para o aeroporto. tudo certo. encontrei o gross lá e ia rolar uma carona pra casa - somos praticamente vizinhos. tudo certo. certíssimo. só era meio atravessado ter que trocar de avião em curitiba, mas tudo bem, afinal, estava tudo certo. e quando está tudo certo eu dou um jeito de alguma coisa sair errada. talvez a culpa seja do maldito ipod, meu melhor amigo. chamaram, eu entreguei o cartão de embarque, segui as pessoas, passei pelo corredor de sanfona, entrei no avião. sentei. não vi o gross e nem o produtor da cachorro grande. eles tinham ficado sentados quando eu entrei. mas aí fecharam a porta. e nada do gross e nem do produtor. eu levantei e falei "moça, faltam dois amigos meus". e ela "não, estão todos aqui". pensei que eles talvez tivessem passado por mim sem eu ver. era meio impossível, mas enfim. isso tudo eu de ipod, ouvindo o highway 61 revisited. o avião começou a andar. eu tirei os fones. "bem-vindos ao vôo da ocean air com destino ao rio de janeiro". NÃO! OCEAN AIR? RIO DE JANEIRO? NÃO NÃO! chamei a moça. moça, estou no vôo errado. comoção. foi falar com o comandante, aquele idiota, que disse: "senhores passageiros, teremos que voltar porque uma passageira da tam entrou inadvertidamente no nosso vôo". COMO SE FOSSE APENAS CULPA MINHA. ninguém checa cartão de embarque? contam os passageiros errado também? vão tudo se foder. uma velha começou a falar bem alto: MAS E OS EXECUTIVOS QUE TÊM HORÁRIO? como se eu não tivesse NENHUM COMPROMISSO NA CIDADE DE SÃO PAULO. a vagabunda tatuada desocupada não faz nada da vida além de entrar no avião dos outros e atrasar os executivos. crispei os dentes e cerrei as mãos. e botei os fones de volta BEM ALTO para não agredir ninguém. o cara ao meu lado foi solidário. eu queria matar a velha, que não parava de falar e queria reclamar com o gerente. o marido dela, um também velho desagradável, sugeriu que eu descesse no meio da pista. a aeromulher riu e disse que não dava, era muito alto. aumentei o volume ainda mais. ódio, ódio, ódio. ódio do comandante e do casal de velhos. não eram velhinhos, eram velhos, sabe gente velha? tem gente que envelhece mas não fica velho. aquilo lá era velhice pura e do pior tipo, daqueles notoriamente imbuídos em preconceito contra qualquer coisa que seja diferente do que eles conhecem. morram. a merda do avião finalmente chegou no desembarque e eu fui. a velha falou alguma coisa que eu não ouvi quando passei. eu só disse "ah, vá, minha senhora". me senti educada. devia mandar ela enfiar aquela rabugice no meio do cu enrugado dela. desejei ardentemente que ela pegasse um avião errado antes da sua morte (que certamente vai demorar a chegar) e lembrasse deste dia. o moço da tam me esperava no corredor de sanfona. contei para ele o que aconteceu e ele riu. alguém com senso de humor, enfim. o meu vôo já tinha saído, é claro. tinha perdido o vôo, a carona e feito papelão na frente do meu amigo. claraverbuquei. agora estou na lan house do aeroporto a esperar. se bem que já está quase na hora. aliás, está bem na hora. me voy. adiós.
ontem fui dormir cedo, acordei hoje surpreendentemente na hora, depois de sonhar uma espécie de continuação da noite que não aconteceu, tomei banho, me empacotei e fui para o aeroporto. tudo certo. encontrei o gross lá e ia rolar uma carona pra casa - somos praticamente vizinhos. tudo certo. certíssimo. só era meio atravessado ter que trocar de avião em curitiba, mas tudo bem, afinal, estava tudo certo. e quando está tudo certo eu dou um jeito de alguma coisa sair errada. talvez a culpa seja do maldito ipod, meu melhor amigo. chamaram, eu entreguei o cartão de embarque, segui as pessoas, passei pelo corredor de sanfona, entrei no avião. sentei. não vi o gross e nem o produtor da cachorro grande. eles tinham ficado sentados quando eu entrei. mas aí fecharam a porta. e nada do gross e nem do produtor. eu levantei e falei "moça, faltam dois amigos meus". e ela "não, estão todos aqui". pensei que eles talvez tivessem passado por mim sem eu ver. era meio impossível, mas enfim. isso tudo eu de ipod, ouvindo o highway 61 revisited. o avião começou a andar. eu tirei os fones. "bem-vindos ao vôo da ocean air com destino ao rio de janeiro". NÃO! OCEAN AIR? RIO DE JANEIRO? NÃO NÃO! chamei a moça. moça, estou no vôo errado. comoção. foi falar com o comandante, aquele idiota, que disse: "senhores passageiros, teremos que voltar porque uma passageira da tam entrou inadvertidamente no nosso vôo". COMO SE FOSSE APENAS CULPA MINHA. ninguém checa cartão de embarque? contam os passageiros errado também? vão tudo se foder. uma velha começou a falar bem alto: MAS E OS EXECUTIVOS QUE TÊM HORÁRIO? como se eu não tivesse NENHUM COMPROMISSO NA CIDADE DE SÃO PAULO. a vagabunda tatuada desocupada não faz nada da vida além de entrar no avião dos outros e atrasar os executivos. crispei os dentes e cerrei as mãos. e botei os fones de volta BEM ALTO para não agredir ninguém. o cara ao meu lado foi solidário. eu queria matar a velha, que não parava de falar e queria reclamar com o gerente. o marido dela, um também velho desagradável, sugeriu que eu descesse no meio da pista. a aeromulher riu e disse que não dava, era muito alto. aumentei o volume ainda mais. ódio, ódio, ódio. ódio do comandante e do casal de velhos. não eram velhinhos, eram velhos, sabe gente velha? tem gente que envelhece mas não fica velho. aquilo lá era velhice pura e do pior tipo, daqueles notoriamente imbuídos em preconceito contra qualquer coisa que seja diferente do que eles conhecem. morram. a merda do avião finalmente chegou no desembarque e eu fui. a velha falou alguma coisa que eu não ouvi quando passei. eu só disse "ah, vá, minha senhora". me senti educada. devia mandar ela enfiar aquela rabugice no meio do cu enrugado dela. desejei ardentemente que ela pegasse um avião errado antes da sua morte (que certamente vai demorar a chegar) e lembrasse deste dia. o moço da tam me esperava no corredor de sanfona. contei para ele o que aconteceu e ele riu. alguém com senso de humor, enfim. o meu vôo já tinha saído, é claro. tinha perdido o vôo, a carona e feito papelão na frente do meu amigo. claraverbuquei. agora estou na lan house do aeroporto a esperar. se bem que já está quase na hora. aliás, está bem na hora. me voy. adiós.
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