Curitiba, sexta-feira, à tardinha. Celular arriado. Procuro um telefone público para ligar avisando que cheguei bem (coisa rara nesses tempos de apagão aéreo).
No orelhão, como em quase todos os do Brasil (e do mundo também, pelo menos na parte que conheço), há diversas propagandas de serviços sexuais de toda espécie.
É curioso verificar que, nos tempos de celulares, internet, e-mails, etc., quando a pessoa está com vontade, basta recorrer ao telefone público mais perto e seus problemas acabaram (ou, conforme a escolha, só começaram!).
O orelhão, em frente ao shopping "Muller", não está abarrotado de propaganda como alguns do centro de São Paulo. Eles são cobertos de pequenas etiquetas auto-adesivas, tanto na cúpula quanto no aparelho, (às vezes até no fone), umas sobre as outras, formando "crostas" de papel. (Uma vez estava usando um desses telefones quando chegou um colocador de etiquetas, um "ser" estranho, de sexo indefinido. Pediu licença e colou a propaganda da "Paula" – dengosa, loiríssima, faz tudo, hotel, motel, casa – e saiu rebolando. Será que era ele/ela próprio/a?)
O orelhão curitibano tem apenas seis pequenas etiquetas bem distribuídas, três mensagens escritas à mão (falta de dinheiro para as etiquetas?) e, novidade para mim, uma propaganda carimbada na cúpula do telefone (falta de grana ou criatividade?).
Vamos às propagandas: "Carlinha", pele branquinha, olhos azuis naturais, 23 anos, auto-intitulada linda. "Murilo", sarado. (lacônico, não?). "Carol", travesti, topa tudo (Será que trabalha com o Sílvio Santos?). "Carla", mel (???? O que vem ser "mel"?? Cuidado, diabéticos!). "Robison", o "anjo da massagem". "Monica", loira, peitão, experiente (e ponha experiência nisso!). "Mirela", boneca transex (??? Qual a diferença entre um travesti e uma boneca transex?? O ramo está ficando muito especializado), que diz esperar o(a) cliente a todo vapor (vem quente, que eu estou fervendo!). "Roberta", autodenominada morenaça gostosa, dengosa, atende casal. Tudo normal, publicidades encontradiças nos "melhores" telefones públicos do Brasil.
Tenho cá comigo se há oferta, é porque existe demanda. A propaganda procura realçar as qualidades (?) do produto para preencher as expectativas reais e imaginárias dos clientes. Se alguém destaca que é "mel", é porque há interessados. Idem pele branquinha, sarado, travesti, boneca, morenaça, etc. Ninguém vai alardear características que o mercado não quer ou não aprecia. Por exemplo, você nunca vai ver um anúncio assim: "Marcelo", japonês. A freguesia foge, sabe que o negócio é pequeno!
Assim, o que mais chamou minha atenção foram esses dois anúncios: "Silmara", loiríssima, 35 anos. "Lia", loira, 35 anos. Que tara esquisita dos curitibanos!
Trinta e cinco anos! Loiras, a gente até entende, preferência nacional, inclusive delas (dizem que no Brasil, proporcionalmente, já tem mais loiras que na Suécia!!), em especial no Paraná, de forte colonização européia, mas preferência por idade tão provecta é inédita!!!
Seriam os curitibanos adoradores de balzaquianas? E como saber se elas o são realmente? Assim como as loiras são fabricadas, mulher que confessa publicamente idade de 35 anos deve estar beirando os cinqüenta!! Será que eles pedem a carteira de identidade? Ou fazem conferência visual? Quais as características marcantes de uma trinta-cincona para diferenciá-la de uma mais nova ou mais velha?
Imagino as cenas:
Uma festa, a loira gostosa se aproxima do cara, puxa assunto, o papo fica animado, mas, antes de prosseguir, ele pede o RG, confere e diz: "Não vai dar, você é muito nova para mim, não tem um amiga mais provecta?"
Ou:
A loira está de biquíni na beira da piscina, toda charmosa. Dois curitibanos olham para ela e conversam entre si:
- Gostou? Vai lá falar com ela.
- Muito nova.
- Nova? Ela já deve ter passado dos trinta na Copa do Japão!
- Que isso, a mulher está enxuta!
- Tá não. Aquele braço não é de garotinha não, ela só tá bem conservada.
- Sei não. Reparou em volta do olho? Lisinho.
- Pode ser plástica, peeling, essas coisas ...
- To inseguro. Vai você, que é papa-anjo!
Agora, quem deu uma de curitibano foi o Renan Calheiros, com sua Mônica Veloso, uma morenaça de seus trinta e poucos anos quando ele a conheceu biblicamente. Matou a vontade, mas seus problemas apenas começavam......
José FRID
4 comentários:
Que leitura fluente
Vc escreve bem,mesmo
Dá gosto
E,interessante a preferência
bjs
RÊ
Adorei esse texto!!!!!!!
IS
Frid:
Ótimo texto.
A propósito, costumo gargalhar com esses anúncios.
Por exemplo: Carol, faço tudo o que sua mulher não faz! Este, quando comento, a Dete fica enraivecida com a sem-vergonhice, como costuma dizer.
Bia, 18 aninhos, iniciante!! Dá para ser iniciante nesse negócio?!!!
Roberta, casada, meu marido não me satisfaz. Esta entende mesmo de apelo de marketing.
Bom final de semana.
Ronaldo
eu só trocaria por : "louras" e não loiras - q tá mais pra cerveja.... bj marilda
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