sexta-feira, 2 de maio de 2008

O TEU QUARTO ESCURO

abro a porta

espero

dou o primeiro passo

entro na escuridão

habituo-me aos poucos

aos contornos escassos

das coisas sem vida

tropeço duas vezes

nos despojos deixados

pela tua jornada

encontro com os dedos

a pálida luz

de cabeceira

(à borda da cama

existe um abrigo)

se a cama estiver vazia

passarei acordado

a noite por inteiro

(procuro

o teu quarto escuro.

tu não és a minha sombra)

(João Miguel Henriques, poeta português)

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