quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Avanços e retrocessos - Significado da votação do Gabeira

Avanços e retrocessos



Fiquei feliz por Fernando Gabeira ter passado para o segundo turno das eleições para prefeito do Rio. Por que fiquei feliz? Porque isso mostra que o eleitor está votando de forma mais madura, sem se deixar impressionar apenas pelos políticos clássicos, aqueles que posam de super-heróis, que dizem não ter uma única mácula no seu currículo e que fazem campanha beijando criancinhas.


Gabeira é o anti-candidato clássico: entrou pra guerrilha na época da ditadura, foi exilado e quando voltou ao Brasil defendeu idéias liberais e alternativas para se viver em sociedade. Falou abertamente sobre drogas, aborto e homossexualismo. Lutou por consciência ecológica muito antes disso virar moda. Isso tudo é pré-requisito para ser um bom prefeito? Não é. O pré-requisito é honestidade, e Gabeira é um dos maiores combatentes da corrupção no país: quem não se lembra dele, em plenário, peitando Severino Cavalcanti?


O que me satisfaz é ver que tudo o que gerava preconceito contra ele está caindo por terra, ou seja, a vitória não é dele, Gabeira, e sim nossa, dos eleitores, que estamos aprendendo a respeitar biografias incomuns em prol de um governo mais transparente e comprometido com o bem social, que é o que imagino que Gabeira vai fazer, se eleito for. Mas há aqueles que ainda acham que quem defende Gabeira está simplesmente defendendo a maconha, a tanga de crochê, enfim, está defendendo o simples oba-oba. Não é nada disso.

Gabeira ter passado para o segundo turno é um sinal de que os eleitores já não julgam os outros por estereótipos, e sim pelo o que podem fazer de bom pela cidade. No caso de Gabeira, está-se votando num homem inteligente que procura soluções técnicas em vez de políticas, e isso é novo, muito mais novo do que qualquer atitude pessoal dele. É isso que temos a comemorar: a nossa visão mais ampla sobre o assunto - e digo "nossa" como brasileiros que somos. A vitória dele, se acontecer, é uma vitória brasileira contra o conservadorismo. Se ele vai ser bom prefeito, não sei. O que comemoro, por enquanto, é que estamos perdemos o medo do "diferente".


Martha Medeiros

Nenhum comentário: