quinta-feira, 19 de março de 2009

Campos nazistas de extermínio - O bispo que negou o Holocausto


Outro dia um bispo católico ultraconservador Richard Williamson foi expulso da Argentina por que declarou que o Holocausto não existiu, que não tinham morrido seis milhões de judeus, não existiam câmaras de gases, etc., ou seja, tudo não passara de uma "marolinha", só tinham morrido umas trezentas mil pessoas (!)

O Vaticano o advertiu sobre a questão e o transferiu com urgência para a Inglaterra. Instado por seus superiores, ele disse que só se retrataria, se fosse o caso, após verificar provas materiais sobre a questão.

Como precisasse!

Pela sua idade, ele é contemporâneo da 2ª guerra, deve ter conhecido os milhares de filmes, fotos, livros, reportagens, etc. feitos na ocasião - e ao longo de mais de sessenta anos, além de ter conhecido sobreviventes dos campos de extermínios.

Os maiores e mais tristemente famosos campos de extermínio foram preservados, incluindo os fornos crematórios, as câmaras de gases, etc. Basta ir lá e verificar o horror!

Ele disse que não visitaria os campos de extermínio, mas encomendaria um livro sobre as câmaras de gases.Passado um tempo, ele se retratou, dizendo que tinha chegado àquela conclusão por que não era historiador (!)

Estamos falando de uma pessoa culta, estudada, diretor de seminário, etc. Na verdade, no meu entendimento, ele deve fazer parte da parcela da Igreja Católica que se omitiu durante a barbárie nazista e, em alguns casos, até colaborou com o extermínio dos judeus.

Por coincidência, estava lendo por esses dias o livro "A escrita ou a vida", de Jorge Semprun, um sobrevivente de campo de extermínio.

O título do livro remete à dificuldade dele de recordar e escrever sobre seus dois anos de sofrimento no campo de concentração nazista. Ele concluiu que para conseguir viver, não poderia escrever sobre os anos de terror, sob pena de se suicidar ao final da escrita.

O livro foi escrito mais de quarenta anos depois da libertação do campo, quando ele considerou que já tinha condições de fazê-lo.

Nele ele conta a vida no campo de Buchenwald, um dos maiores (cabiam mais de 50 mil presos) e mais antigos da Alemanha, destinado a presos políticos, presos de guerra, judeus, etc. Tem os onipresentes fornos crematórios de presos, trabalhando vinte e quatro horas por dia, mas sem as câmaras de gases. Não precisavam: os presos morriam de fome, frio, doenças variadas, más condições de trabalho, torturas, fuzilamentos, etc.



Terrível!!!



Alguns trechos do livro:

"O primeiro indício que percebemos foi o estranho cheiro que com frequência nos chegava à noite, pelas janelas abertas, e que nos perseguia a noite inteira quando o vento continuava a soprar na mesma direção: era o cheiro dos fornos crematórios".


"Janelas abertas para o ar fresco da primavera que chegara, para os eflúvios da natureza. Momentos de nostalgia, de vazio na alma, na dilacerante incerteza da vida nova. E de repente, levado pelo vento, o estranho cheiro. Adocicado, insinuante, com relentos acres, propriamente repugnantes. O cheiro insólito, que se revelaria ser o do forno crematório".

""Ir embora pela chaminé, partir em fumaça" eram locuções habituais no jargão de Buchenwald. No jargão de todos os campos, não faltam testemunhos. Nós as empregávamos em todos os modos, em todos os tons, inclusive no do sarcasmo. Sobretudo, mesmo entre nós, pelo menos. Os SS e os contramestres civis, os 'meister', empregavam-nas sempre em tom de ameaça ou de previsão funesta."


"Eles não podem compreender, realmente não podem. Teria que contar-lhes a fumaça: densa às vezes, um preto de fuligem no céu variável. Ou leve e cinza, quase vaporosa, vogando ao sabor do vento sobre os vivos reunidos, como um presságio, um adeus".


"Fumaça para uma mortalha tão vasta quanto o céu, último vestígio da passagem, corpos e almas, dos companheiros."


O site Memory of the Camps trás fotos e filmes dos campos de extermínios. Só o bispo não viu!!

Esse bispo, por sinal, tinha sido excomungado pelo papa anterior.O atual cancelou a excomungação, antes dele falar suas bobagens.

Não era hora dele ser excomungado novamente?

Obrigado a visitar os campos de extermínio?

Conhecer um forno crematório por dentro?

O que acha disso o arcebispo de Recife?

José FRID

2 comentários:

Anônimo disse...

São padres, bispos, mas querem seus minutos de fama. Gastam tempo fazendo o que não foram chamados a fazer. Falar, falar, julgar, excomungar. Enfim, gastam tempo aparecendo.
E no caso do bispo da Argentina, qual a diferença se foram 6 milhões ou 300 mil? Se fosse um judeu morto pelo motivo que morreu já seria muito.

Boa semana pra você.
B.

Anônimo disse...

Muito bom!
H.