Diante da vitrine de uma livraria, na grande galeria no centro de Milão, Zélia, alvoroçada, aponta para um livro: olhe! Vejo um exemplar da edição de Terras do Sem Fim (Terre Del Finemondo), meu primeiro livro traduzido em italiano, a capa atraente reproduz cerâmica de Picasso.
- Veja o cartaz! – Zélia assanhadíssima.
O cartaz não é propriamente um cartaz, apenas um cartão retangular ao pé do volume, informando sobre o autor : Il piu noto scrittore brasiliano. Zélia lê em voz, alta, repete; il piu noto. Vamos em frente, repletos.
Logo adiante, outra livraria, paramos em frente à vitrine em busca de Terras. Em vez, deparamos com a tradução de um livro de Erico Veríssimo, Olhai os lírios do campo, se bem me recordo. Ao pé do exemplar um cartaz, ou seja um retângulo de cartão, a informação sobre o auto: Il piu noto scrittore brasiliano.
Rimos, Zélia e eu, desinflamos. No quiosque da esquina compro um cartão-postal e os selos competentes e o endereço para Erico em Porto Alegre, conto-lhe o ocorrido:
"Durante cinco minutos e vinte metros fui 'il piu noto', passei-te a faixa."
Jorge Amado, in "Navegação de Cabotagem", págs. 17/18, 6ª edição, 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário