Esperança e incerteza em época de crise
O "Correio Braziliense" lembra pouco um jornal de nossos dias. Cada número se compunha de um volume, mensal, apresentando em média entre 72 e 140 páginas, embora alguns tenham ultrapassado 200. Era dividido em quatro seções gerais: Política, Comércio e Artes, Literatura e Ciência e, ainda, Miscelânia (que se subdividia em Correspondência e Reflexões).
O "Correio", sem dúvida, está ligado às condições que resultaram na independência do Brasil, ainda que só nos últimos momentos tenha apoiado a separação de Portugal. Todas as conjunturas e episódios dos 14 anos em que o jornal circulou estão ali devidamente registradas, analisadas, criticadas: as guerras napoleônicas, os combates pelas independências na América espanhola, a implantação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro, a República de 1817 nas "Províncias do Norte", o liberalismo político e econômico, o surgimento da imprensa no Brasil e, sobretudo, a expansão econômica do império britânico. Deste modo se compreende o subtítulo de "armazém", na medida em que o periódico tornou-se um amplo repositório de documentos preciosos da época.
Nas páginas redigidas por Hipólito da Costa, vibram tensões, incertezas e esperanças. Era uma época de crise, instabilidades e expressivas transformações: impérios que ruíam ou se reestruturavam, nações que se formavam.
Marco Morel
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