domingo, 13 de setembro de 2009

Primeiro jornal brasileiro (impresso em Londres!) disponível em versão digital - Brasiliana da USP

O "Correio Braziliense" (ou Armazem Litterario), redigido por Hipólito da Costa em Londres até 1822, está disponível integralmente na Brasiliana Digital, como parte do amplo projeto da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, da Universidade de São Paulo (USP). Seus 175 números podem ser consultados e copiados gratuitamente (em definição alta ou baixa), sem necessidade de cadastro ou autorização. Clique aqui!
A Brasiliana Digital desenvolve avançadas ferramentas de pesquisa: é possível fazer busca por palavras nos arquivos, ou seja, não são apenas páginas capturadas em formato de imagem, mas o acesso se dá como texto, facilitando assim a consulta.
É conhecida a importância e a originalidade do "Correio", que teve grande impacto no mundo luso-brasileiro. Tratava-se de um periódico de opinião explícita, que praticava o debate público, defensor das modernas liberdades, em contraponto às tradicionais gazetas de Antigo Regime, ainda que houvessem importantes pontos em comum entre os dois tipos de publicação. A circulação de tal veículo pioneiro era formalmente proibida e perseguida no Brasil e em Portugal, o que não impediu que circulasse, inclusive entre as autoridades.

Esperança e incerteza em época de crise

O "Correio Braziliense" lembra pouco um jornal de nossos dias. Cada número se compunha de um volume, mensal, apresentando em média entre 72 e 140 páginas, embora alguns tenham ultrapassado 200. Era dividido em quatro seções gerais: Política, Comércio e Artes, Literatura e Ciência e, ainda, Miscelânia (que se subdividia em Correspondência e Reflexões).

O "Correio", sem dúvida, está ligado às condições que resultaram na independência do Brasil, ainda que só nos últimos momentos tenha apoiado a separação de Portugal. Todas as conjunturas e episódios dos 14 anos em que o jornal circulou estão ali devidamente registradas, analisadas, criticadas: as guerras napoleônicas, os combates pelas independências na América espanhola, a implantação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro, a República de 1817 nas "Províncias do Norte", o liberalismo político e econômico, o surgimento da imprensa no Brasil e, sobretudo, a expansão econômica do império britânico. Deste modo se compreende o subtítulo de "armazém", na medida em que o periódico tornou-se um amplo repositório de documentos preciosos da época.

Nas páginas redigidas por Hipólito da Costa, vibram tensões, incertezas e esperanças. Era uma época de crise, instabilidades e expressivas transformações: impérios que ruíam ou se reestruturavam, nações que se formavam.

Marco Morel

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