Para fazer o poema
é preciso pôr a mão na massa.
Escolher os ingredientes:
as palavras na medida certa
- trigo e fermento
para o poema crescer.
Uma pitada de sal não pode faltar.
Açúcar, um pouquinho só:
dos açucarados devemos ficar longe.
Mas há poema doce e de sal,
sovado, light, integral.
Capriche na forma e evite as fôrmas.
Não enfeite demais,
no miolo está o valor do poema.
Mexa, remexa,
trabalhe bastante.
É preciso comer o pão que o diabo amassou,
mas não deixe o suor à vista.
Pequenos cortes darão vida
e consistência.
Quando estiver pronto,
deixe-o descansar
- na gaveta.
Não há forno para poema.
É no calor do leitor que crescerá.
Muitos dizem que ele não é necessário,
mas a alma precisa comungar com a poesia.
No poema a hóstia será consagrada
e o pão nosso virá a cada dia.
AUGUSTO SÉRGIO BASTOS in "rascunho - o jornal de literatura do Brasil"
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