Tenho dois amigos que nasceram no dia 20 de janeiro, com quase vinte anos de diferença. Duas gerações, mas a mesma negligência religiosa dos pais: os dois não se chamam Sebastião!!
Antigamente, pelo visto bem antigamente, era costume a pessoa receber o nome do santo (ou santa) do dia em que nasceu. Nascendo em vinte de janeiro, era Sebastião na certa: Sebastião de Osório Mendes, por exemplo. O nome do santo poderia também aparecer como segundo nome: Olavo Sebastião Osório Mendes. Mulher: Sebastiana Gonçalves de Oliveira; Laura Sebastiana Gonçalves de Oliveira.
A criatura só escapava do Sebastião se a mãe tivesse feito promessa para algum outro santo, o pai escolhesse um nome bíblico, a família tivesse um santo padroeiro, ou recebesse o nome do pai, do avô do tio ou do padrinho.
Mas venhamos e convenhamos: Sebastião não é lá um nome muito conveniente para uma criança. "Sebastião, coma a papinha." "Sebastião, quer ir ao parque?" "Tira a mão do nariz, Sebastião!" E o tal Sebastião é um fedelho de fralda suja! Ninguém resiste, a terna criatura ganha logo algum apelido carinhoso: "Se" minimalista, "Bastião" nordestino, um "Tião" definitivo!
Para adulto, até funciona melhor: Dr. Sebastião. O doutor na frente é importante, senão todo mundo toma confiança e o cidadão vira "Tião" imediatamente. "Como está o paciente, Dr. Sebastião?" "Aqui está o relatório que o senhor pediu, Dr. Sebastião." "Tião, já deu banho no paciente?" "Cadê o relatório do chefe, Tião?" Macaco Tião!
Mesmo que a mãe pense em tolerar um "tiãozinho" , a imagem oficial do santo não ajuda: um homem semidespido, amarrado a um tronco, com o corpo atravessado por flechas, sangue escorrendo. "Flechas no meu filho não!"
A mãe olha para o garoto, pensa nisso tudo, não tem certeza se o anjinho vai ser "dotô" (os dois citados lá em cima são!), arrepia-se com as flechas, pede perdão ao santo e lasca na criança um nome que julga mais adequado ao pimpolho, que vai ajudar-lhe na vida: Astolfo, Robervaldo, Wanderley Cardoso, Ronald, José, Hamilton, Samarone, etc.
E o santo fica lá abandonado, amarrado ao tronco, olhando o céu: "Senhor, eles não sabem o que fazem!"
José FRID
13 comentários:
Acho que você tem razão... afinal eu também nasci em 20 de Janeiro e não me chamo "tiana" (Sebastiana)... escapei graças ao meu bondoso pai que, no caminho do cartório, resolveu não fazer o que minha mãe havia mandado e de Sebastiana me tornei Vilma!
Bjs,
V.
Esse pai vale ouro!!
Frid
História de pessoas
Eu vi na revista Exame novas empresas uma moça que faz filmes de pessoas - suas historias.
Junte-se a ela!
bj
M.
Sou só um simples amador!
Aguarde a parte II para breve!!
Grande abraço!!
FRID
Muito bom mesmo. Parabéns
P.
Espero que voc~e goste da parte II.
FRID
Frid
Gostei! Mas, tem o lado chic: SEBASTIAN ou Jean SEBASTIAN ( do Bach, mesmo)
Que charme, não? Há muito tempo tinha uma boate em SAMPA, que assim chamava. E, conforme contammmm....era o must
O cachorro da minha amiga americana (mora em SFRANCISCO/CA) era SEBASTIAN, nome gostoso de berrar. Infelizmente, morreu atropelado, tadinho.
Mas...vc tem toda a razão: Sebastião, se não for doutor, está para TIÃO, assim como Chico está para Francisco.
Bom, digamos que .... tal como Jean SEBASTIAN - Bach - há o charme do Chico - Buarque de Holanda - claro, né.
Abraços.
E.
Frid,
Imagine a minha irmã. Nasceu no dia 17, dia de Santo Antão, Rosana Antona, poderia ser uma boa sugestão.
Meu tio Jair Thereza, quando foi ser batizado foi recusado pelo padre.
- Por que? disse minha avó.
- Simples minha Senhora, ele nasceu em dia de Santo Antonio (12 de Junho), tem de ter Antonio no nome dele.
Minha avó perplexa disse que não ira mudar os documentos, que o nome dele não ia ser alterado e que portanto ia numa igreja evnagélica para batizá-lo.
O padre deu logo um jeito.
- Minha Senhora, vá até a secretaria e coloque Antonio depois do Nome Jair: Jair Antonio Thereza. Ele não precisará mudar o nome no cartório e apenas aqui para a Igreja, disse o padre.
Conclusão: Além da negligência religiosa, um pitada de “jeitinhao brasileiro”.
Parabéns pela matéria.
Atenciosamente,
H.
Sua irmã deu sorte!!!
Com meu tio avô aconteceu um caso semelhante ao do seu tio.
Diz a lenda familiar que meu bisavô foi ao cartório registrar o seu filho mais novo, que acabara de nascer.
O dono do Cartório perguntou qual era o nome da criança.
- José Domingos de Souza, disse meu bisavô.
- Mas o senhor já tem outros filhos com o mesmo nome. Não pode registrar assim.
- É um nome bonito, nome de homem macho. Vai ser esse mesmo!
- Não pode! Será o quarto filho com o mesmo nome!!
- Já registrou três, que mal faz registrar o quarto?
- Não registro, a lei não permite.
- Então a criança vai ficar sem registro. Ou é José Domingos de Souza ou nada. Passar bem!
O menino ficou sem nome oficial, era o irmão dos outros. Como a cidade era pequena, os dois viviam se esbarrando, o Oficial sempre cobrando o registro da criança.
Conversa vai, conversa vem, acabaram acertando e o menino virou "José Domingos Irmão"!
Um abraço
FRID
Eta povo religioso!
No Rio de Janeiro o número de Tiões e Bastiões deve ser maior!
O motivo é óbvio...
A.
Sabe que não sei?
Um abraço
FRID
Minha mana nasceu no dia 19/1, porém não escapou nem do Santo nem do apelido, "Tim".
M.F.
Muito sucinto!!!
Mais detalhes, mais retorno, mais tudo!!!
Um abraço
FRID
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