sábado, 3 de abril de 2010

Nós e nossos filhos vistos pela professora



Depois de três anos dando aulas em faculdades da cidade, voltei a trabalhar com a moçada de quinta a oitava. E é realmente um outro mundo.


As turmas de quinta são sempre interessantes: fase de transição e mudanças, onde tem que conviver com vários professores e milhares de novidades. Topam tudo, vão na frente da sala de aula, pulam, reclamam que o colega pegou o caderno, a caneta, o boné. Levantam a mão e querem responder às questões, ainda que sua resposta seja idêntica a do colega. Falam todos ao mesmo tempo e é hercúlea a tarefa de ensiná-los a organizar as falas, sem atropelos.


As meninas têm trinta milhões de canetinhas coloridas; meninas e meninos fazem grupos à parte; fazem perguntas fofas.


As sextas já são pré-adolescentes; meninas e meninos trabalham juntos, paqueram, discutem. As meninas comandam as equipes, brigam com os garotos, se tiram nota baixa. Cobram dedicação. Topam a maior parte das atividades, são animadas, estão sempre pilhadas.


As sétimas são um encanto: jovens o suficiente pra se animar, maduros o suficiente pra elaborar melhor as discussões. Poucas coisas são tão gratificantes quando ensinar História pra essa moçada. Divertidos, trabalham bem e produzem de forma interessante.


As oitavas passaram pelo "portal do mal", são definitivamente adolescentes, então acham a vida um tédio, os pais um tédio, os professores um tédio e não veem a hora de bater o sinal pra se jogar no msn.

Vivien Morgato em seu Blog "A Casa da Mãe Joana"

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