quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mulheres e seus sapatos, muitos sapatos!

Terça-feira, seis e quinze. Estou no centro da cidade. Preciso chegar até as sete na vernissagem. Uma corrida de obstáculos: milhares de pedestres no ir e vir, pontos de ônibus lotados, camelôs, bancas de jornais, postes, sacos de lixo, casais de namorados, rodinhas de amigos. Avanço com dificuldade. Estou no limite do tempo. Gostaria de ser importante para ter batedores abrindo meu caminho pelas calçadas. Bobagem, se eu fosse tão importante assim, estaria de automóvel com motorista e a vernissage só começaria na hora que eu chegasse.


Como não sou vip, continuo minha desdita. Consigo chegar na esquina da Consolação com a Maria Antonia dentro do horário estimado. Ergo a vista: um mar de gente. Precisaria ser Moisés para atravessar aquele oceano de Mackenzistas.


Eis que surge na minha frente o meu tão esperado batedor abre-alas: uma mulher com tênis e conjunto esportivo da Adidas e .... um enorme carrinho de bebê! Ela entra na rua apressada e empurrando o carrinho como um aríete. As pessoas se afastam como o mar para Moisés. Aproveito e, tal como os motoristas que seguem ambulâncias, sigo rápido e feliz pela brecha aberta por ela. E passa prédio, passa bar, livraria, açougue, ela firme no seu passo largo, eu só aproveitando o embalo e calculando o tempo ganho com a proverbial ajuda.


De repente, ela dá uma guinada brusca de noventa graus para a esquerda, entrando no recuo de um prédio. Esse movimento desvia a multidão para cima de mim. Paro, surpreso, no meio do povo: por que ela abandonou-me?


Sigo-a com o olhar: a vitrine da sapataria! Ela empurra lentamente o carrinho, totalmente embevecida com os modelos ali expostos. O bebê é fêmea, pois vejo levantar as perninhas e mostrar seus sapatinhos, como se pedisse para trocá-los. Singro pela multidão, especulando com meus botões por que as mulheres têm adoração por sapatos, botas, sandálias, sapatilhas, plataformas, etc.


Lembro da Imelda Marcos e seus milhares de sapatos. Da loucura da Carrie pelos sapatos caríssimos do Manolo Blahnik (?!?). Das minhas colegas sempre adquirindo calçados novos conforme as estações e eventos (e as liquidações também!). Além delas repararem e comentarem os sapatos uma das outras. Quando reparei num sapato de algum colega? Quando comentei com algum amigo que a loja 'tal' está em liquidação e tem o sapato "x" por um preço ótimo?


Um recente anúncio da Heineken ilustra bem a questão. Um casal recebe os amigos na casa nova. Ela leva as amigas para conhecer seu closet, repleto de sapatos expostos nas estantes. As mulheres deliram e dão gritinhos de felicidade. De repente se ouve uivos, muitos uivos. A câmera corta para o dono da casa e seus amigos no "closet": as estantes são refrigeradas e mostram as garrafas verdes da Heineken. Closet digno da inveja masculina!


Pode ser que a verdade sobre a questão esteja nas reflexões registradas aqui:




- O jeans joga na sua cara - e no seu quadril, na sua bunda, na sua barriga - que você engordou. O sapato, não, ele é sempre seu amigo. Não é à toa que as mulheres os amam. Não importa o quanto você engorde ou emagreça, ele não muda de número."


Como os homens, normalmente, não se incomodam com seus quadris (homem tem quadril?), bundas e barrigas, o sapato não é um amigo! Uma Heineken talvez?


José FRID

9 comentários:

Anônimo disse...

Fantástico!!!!!! não estou nem ai para o meu sapato!!!! já a M. .......kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

I.

Metamorfose Ambulante disse...

Mulheres....

Anônimo disse...

Meu Querido e estimado Amigo FRID.

Desculpe-me meu paupérrimo conhecimento do linguajar português, coisa que às vezes me incomoda muito, ao ponto de me fazer abandonar a leitura do Livro do Ignácio de Loyola Brandão “BEBEL QUE A CIDADE COMEU“ de 1968. Pois a cada página lida ele me fazia recorrer varias vezes ao bom e velho dicionário, para solucionar o significado de algumas palavras desconhecidas deste seu amigo que não conhece o arsenal de palavras do português arcaico, moderno, super moderno e do português jovem tais como: bjs, Tb, bele, vc, Gr e por ai afora.

Bem vamos ao que interessa, li seu texto Mulheres e seus Sapatos, muitos sapatos! e tive que recorrer ao empoeirado, velho e bom dicionário, para decifrar o significado das palavras:

VERNISSAGE, ARÍETE, EMBEVECIDA e SINGRO.

Assim como eu sugeri ao Jornal Folha de S.P. solicito a você incluir glossário nos textos, pois isto facilita mais a leitura.

1 Gr. Abraço bele

S.

Metamorfose Ambulante disse...

Posso tentar rever, mas no caso em questão cada palavra tem seu significado preciso.

Eu estava indo para uma vernissage, ou seja, a abertura de uma exposição de quadros. Como era chique e tinha comes e bebes, fotógrafos, jornalists, eu, etc., a palavra está adequada. O artista teria um ataque de nervos se eu utilizasse a palavra evento, por exemplo.

E por falar nisso, vou em outra vernissage na próxima quarta-feira.

O carrinho de bebê, ou a forma dela empurrá-lo contra a multidão, parecia um aríete mesmo, aquela peça usada para derrubar os portões dos castelos; não encontrei outra palavra para a imagem que tive.

Quando eu escrevi que ela estava "embevecida" era para mostrar que ela estava mais que interessada, atraída, encantada com a vitrine; ela esqueceu da vida vendo os sapatos, logo embevecida, enlevada, extasiada ..... mas essas palavras também o levariam ao dicionário!

"Singrar" até poderia ser substituido por "navegar", mas esta última palavra está muito batida. E eu singro, não navego!


Mas não desista da leitura dos meus textos, belê?

José FRID

Anônimo disse...

Caro amigo

Na terceira frase, temos 2 erros de português.

Bjs.

N.

Metamorfose Ambulante disse...

Aponte-os para correção!

Anônimo disse...

"Preciso chegar até às sete na vernissage."


Preciso chegar até as sete no vernissage.


Colocando "até", não se coloca crase. Teria crase, se não tivese o até.

E vernissage é masculino.

N.

Metamorfose Ambulante disse...

Voltei para casa pensando nos erros e percebi o do "até às": "até" já é preposição, logo não cabe a preposição "a".

O outro só captei quando li este e-mail.

Os dicionários digitais Aulete e Houaiss registram "vernissage" como substantivo masculino, com a acepção que eu usei. Eles desconhecem "vernissagem"!

O Aurélio e o Houaiss impressos também só registram "vernissage", s.m.

Por outro lado, o Volp - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que é o "catálogo" oficial das palavras da língua portuguesa, isto é, se a palavra não está no Volp ela não existe oficialmente, só registra a palavra "vernissagem", substantivo feminino.

Assim, como sou oficialista (!!!), vou adotar "a vernissagem", apesar de gostar mais de "vernissage"!!

Agradeço as correções!


Beijos

FRID

Anônimo disse...

É verdadeira a paixão que temos por sapatos.Ri muito.

R.