domingo, 11 de julho de 2010

Salmo mágico - Allen Ginsberg (fragmentos)

*.....
Sepulta meus pés sob os Andes, esparrama meus miolos sobre a Esfinge,
hasteia minha barba e cabelo no Empire State Building.
Cobre minha barriga com mãos de musgos, enche meus ouvidos com teu clarão,
cega-me com arco-íris proféticos
Que eu prove finalmente a merda de Ser, que eu toque Teus genitais na
palmeira,
que o vasto Raio do Futuro entre pela minha boca para fazer soar Tua Criação
Eternamente Não-nascida, Ó beleza invisível para meu Século!
.....
O Fim
....
Eu me sento na mente do carvalho e me oculto na rosa, eu sei se alguém
desperta, ninguém a não ser minha morte,
.......
Eu recebo tudo, eu morro de câncer, eu entro no caixão para sempre, eu fecho
meu olho, eu desapareço.
...
Amor que me engendrou eu retorno a minha Origem sem nada perder, eu flutuo
sobre o vomitório
Empolgado por minha imortalidade, empolgado por essa infinitude na qual
aposto e a qual enterro,
Vem Poeta, calar-te, come minha palavra e prova minha boca em teu ouvido.

* *Allen Ginsberg in "Uivo, Kaddish e outros poemas", L&PM, tradução de
Claudio Willer*

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