I
Um deus irado
estava surrando um homem:
esbofeteava-o ruidosamente
com pancadas trovejantesque reboavam e retumbavam sôbre a terra.
O povo todo veio correndo.
O homem gritava e lutava
e mordia furiosamente os pés do deus.
O povo exclamou:
"- Ah, que homem maldoso."
E -
"- Ah, que deus formidável."
II
No deserto
vi uma criatura, nua, bestial,
que agachada ao chão
segurava nas mãos o seu coração
e dele comia.
Perguntei: " - É gostoso, amigo?
" - É amargo, amargo", ele respondeu.
" - Mas gosto dele
por ser amargo
e por ser meu coração".
III
Vi um homem perseguindo o horizonte:
em círculos iam disparando um atrás do outro
Perturbei-me com isso.
Abordei o homem
" - É em vão", eu disse.
"você nunca poderá..."
" - Mentiroso!" ele exclamou.
e continuou a correr.
IV
Deus jazia morto no céu:
anjos cantavam o hino do fim:
os ventos púrpuros repetiam gemidos,
suas asas gôta a gôta
sangue
derramavam sôbre a terra.
Esta padecente coisa,
tornou-se negra e definhou-se.
Então negra e definhou-se.
Então das cavernas distantes
de pecados mortos
saíram monstros lívidos de desejo.
Lutaram,
brigaram por causa do mundo
- um naco.
Mas da total tristeza, isso foi triste:
Os braços de uma mulher tentando proteger
a cabeça de um homem adormecido
contra as maxilas da última fera.
Um deus irado
estava surrando um homem:
esbofeteava-o ruidosamente
com pancadas trovejantesque reboavam e retumbavam sôbre a terra.
O povo todo veio correndo.
O homem gritava e lutava
e mordia furiosamente os pés do deus.
O povo exclamou:
"- Ah, que homem maldoso."
E -
"- Ah, que deus formidável."
II
No deserto
vi uma criatura, nua, bestial,
que agachada ao chão
segurava nas mãos o seu coração
e dele comia.
Perguntei: " - É gostoso, amigo?
" - É amargo, amargo", ele respondeu.
" - Mas gosto dele
por ser amargo
e por ser meu coração".
III
Vi um homem perseguindo o horizonte:
em círculos iam disparando um atrás do outro
Perturbei-me com isso.
Abordei o homem
" - É em vão", eu disse.
"você nunca poderá..."
" - Mentiroso!" ele exclamou.
e continuou a correr.
IV
Deus jazia morto no céu:
anjos cantavam o hino do fim:
os ventos púrpuros repetiam gemidos,
suas asas gôta a gôta
sangue
derramavam sôbre a terra.
Esta padecente coisa,
tornou-se negra e definhou-se.
Então negra e definhou-se.
Então das cavernas distantes
de pecados mortos
saíram monstros lívidos de desejo.
Lutaram,
brigaram por causa do mundo
- um naco.
Mas da total tristeza, isso foi triste:
Os braços de uma mulher tentando proteger
a cabeça de um homem adormecido
contra as maxilas da última fera.
Stephen Crane, tradução de Eloah F. Giacomelli para o Suplemento Literário d "O Estado de São Paulo", 9 de janeiro de 1972
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