é assim que eu gosto: ninguém por perto
só o acolchoado de areia macia
estendido entre as dunas
onde o esforço de andar
transforma os passos em gestos voltados para baixo
na direção do caldeirão
onde se debate a fumegante cordoalha
labirinto de convulsões
vazio atravessado por espasmos
novelo de tentáculos de espuma, de correnteza polar
e as mãos de gelo
que apertam a garganta e deslizam pelo ventre
labaredas de mar, ganchos fincados nas costas
para nos arrastar ao fundo
— penetrar nesse abismo
é navegar o dorso da morte, transformar a consciência
em pátio de ventanias —
mas, no entanto
não somos daqui
viemos de muito longe
para descobrir a derradeira praia deserta
no costão oceânico da ilha
cercada de muralhas de vento e claridade
onde cobertores de maresia
são estendidos sobre nossos corpos
mansamente reclinados
sobre a pele dourada do Tempo
Praia Mole, Florianópolis, 1981
Cláudio Willer
3 comentários:
Linda!
Nos faz sonhar.
Felizmente o feriadão está chegando e é pra lá que vou.
Votos de uma excelente semana.
Abraços,
F.
E vc Frid, já conheceu a Praia Mole, cenário da poesia?
Não chega a ser mais linda que as suas belas praias cariocas mas,... como pode ver, inspira muitas mentes.
Eu conheço e gosto muito de lá.
Beijos,
Lucy
Conheço e concordo que é bonita, mas as do Rio ....... imbatíveis!
FRID
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