sexta-feira, 24 de junho de 2011
Drummond e Glauco Mattoso
SONETO DO DRUMMOND MENOR [1585]
Preguei-lhes uma peça! Nos setenta,
estavam os concursos já na moda:
autor novato ou velho arrisca e tenta
um prêmio faturar e entrar na roda...
Ao ver que é só Drummond que se comenta
e criticá-lo é coisa que incomoda
a claque, que é que o Glauco faz? Inventa
um nome falso, a ver se alguém o poda...
Inscrevo um poeminha de Drummond
tal como se meu fosse: não um bom,
mas um dos sem valor, um perecível...
Foi desclassificado pelo júri...
Então desmascarei quem quer que jure
que tudo que ele fez tinha alto nível...
SONETO DO DRUMMOND MAIOR [1586]
Mas nem só de José, solução, rima,
foi feito o bom Drummond: também do duro
soneto, que de muitos paira acima
e irrita as oficinas do futuro!
É nele que o poeta se aproxima
dos mestres e se afasta do monturo
efêmero: eis que o metro da obra-prima
varia, verso a verso, mas sem furo!
Heróico, provençal, martelo, sáfico:
tetrâmetro, seu deca foge ao gráfico
traçado pelo cânone camônico...
Andrógino, anarquista, esse seu deca:
se em tudo que já lemos não defeca,
o mijo do cachorro soa irônico...
Glauco Mattoso
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário