Este livro se propõe a apresentar uma coletânea de contos eróticos masculinos, isto é, escritos por homens. O que seria um texto erótico? Como diferenciá-lo de um texto pornográfico?
O próprio livro explica a diferença: "O pornográfico, com facilidade, leva o leitor à excitação. Mas não atua com a sua imaginação. Ele é cru, apenas relato, descrição, o uso de palavras que nomeiam atos e ações facilmente identificáveis.
O erótico pode ser também levar à excitação, mas estará trabalhando com a imaginação do leitor, com o sonho, com o irreal, com o desconhecido. O conto erótico é um prazer para o leitor, o prazer da leitura e da descoberta de revelações num texto literariamente trabalhado. Em que o escritor também vasculha o profundamente humano."
Ou ainda: "O pornográfico caminha por modelos impostos pelo social e é caricato. Já o erótico é poético, é vital, porque remete o indivíduo à procura de sua identidade."
Na minha avaliação, apenas três dos treze contos do livro conseguiram chegar ao patamar do conto erótico, ou seja, ao "prazer da leitura e da descoberta de revelações num texto literariamente trabalhado."
"Quero mulher, peço deferimento", de Deonísio da Silva, aborda de forma bem humorada a tentativa de resolução de problemas sexuais pela via burocrática em uma escola pública, com suas repercussões jurídicas.
"Suíte ensolarada", de Duílio Gomes, trata de um tema difícil - incesto - mas com final surpreendente. Deixe-se levar pelo texto, sem preconceitos.
"Babá", de Julio Cesar Monteiro Martins, descreve o despertar da sexualidade de um aposentado, de forma divertida e sensual.
Os outros contos são bons, mas, no meu entendimento, não chegam a ser contos eróticos, apenas tratam de sexo, casais, etc.
Melhor se saiu a Joyce Cavalccante em seu livro de contos eróticos "O Discurso da mulher absurda".
José FRID
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