De ti fiquei tão escravo
Depois que teus olhos vi,
Que só vivo por teus olhos,
Não posso viver sem ti.
Contemplando o teu semblante
Sinto a vida me escapar.
Num teu olhar perco a vida,
Ressuscito noutro olhar.
Mas é tão doce
Morrer assim.
Lília, não deixes
De olhar p'ra mim.
Num raio de teus olhares
Minh'alma inteira perdi.
Se tens minh'alma nos olhos,
Não posso viver sem ti.
A qualquer parte que os volvas,
Minh'alma sinto voar,
Inda que livre nas asas,
Presa só no teu olhar.
Mas é tão doce
Prisão assim.
Lília, não deixes
De olhar p'ra mim.
Que era meu fado ser teu
Ao ver-te reconheci,
Não se muda a lei do fado,
Não posso viver sem ti.
Por não ver inda completa
Minha doce escravidão,
Se me ferem teus olhares,
Choro sobre meu grilhão.
Mas é tão doce
Prisão assim.
Lília, não deixes
De olhar p'ra mim.
Laurindo Rabelo (1826-1864), in Poesias completas
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