segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Balada do Esplanada




Ontem à noite

Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.
É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.


Eu queria

Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel
No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
É o hotel
Do menestrel


Pra me inspirar

Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel


Mas não há, poesia

Num hotel
Mesmo sendo
'Splanada
Ou Grand-Hotel


Há poesia

Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador


Oswald de Andrade

5 comentários:

Anônimo disse...

Lindo ...gostei ..boa semana para você .. e

Obrigada pelos presentes de toda segunda, são maravilhosos ...


Dumi

Anônimo disse...

Adorei.

Eladir

Anônimo disse...

Olá, amigo!
Bela declaração, as vezes a solidão nos faz ver e sentir mais longe. Valeu.
Boa semana com carinho.
Beijos

Marli

Anônimo disse...

Não conhecia,pouco li sobre Oswald de Andrade.

Margarida

Metamorfose Ambulante disse...

Ele realmente é pouco lido, talvez por gostar mais da polêmica do que da literatura. A exposição do Museu da Língua Portuguesa permite se conhecer bem ele e sua arte.

Um abraço

FRID