sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Enquanto Teresa dorme

 


nasce a estrela fugitiva de outros universos
anunciando o final dos tempos
toca um cambalache doido, explode a guerra
passa a carruagem azul repleta de foragidos
e os corações das ruas estremecem em bombain
sentados na galáxia estrema
dois homens mortos conversam sobre a vida
um incêndio intenso toma conta do pensamento
do mundo, o nada se transforma em cor
as praias de mindano acordam com o maremoto
e as criancinhas fogem apavoradas
o reino do krenkrokren prepara-se para a sesta
um padre vira morcego
a faca mais-que-prateada cruza o espaço exterior
e vai cravar-se no peito da ursa-menor



em passadena os cientistas constroem a centopéia atômica
que irá sondar as rugas dos anéis de saturno
e uma animada partida de hóquei sobre patins
tem lugar nos pátios das escolas de pequim
um pingue-pongue de raios espouca por todos
os lados e as nove escolas-de-samba invadem
de uma só vez todas as avenidas
a lua desfalece sôfrega neste céu americano
e ruma para o japão, enquanto o sol,
vindo de angola, surge e ilumina



é quando teresa acorda,
estremunha quentinha na cama e, tranquila,
caminha nas areias de ipanema
pensando no amor que lhe apressa o coração.


Pedro Lage

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