sábado, 10 de dezembro de 2011

À Esperança - Júlio Cortazár


Estica tuas perninhas enluvadas, esperança hirta.
Acendo um fósforo: esquenta-te. É suficiente para ti.
Depois contemplaremos nossos rostos
e pensaremos: como
Mudou.


Acreditávamos
um no outro. Vê, não se deve.
Estica tuas mãozinhas frias, esperança.

Fazer o quê, o fósforo se apaga.


Júlio Cortázar in Revista Piauí, setembro de 2008, tradução de Ari Roitman e Paulina Watch


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