domingo, 4 de dezembro de 2011

SONETO




                    Ao meu primeiro filho nascido
                    morto com 7 meses incompletos
                    2 fevereiro 1911.



Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial,




Que poder embriológico fatal
Destruiu, com a sinergia de um gigante,
Em tua morfogênese de infante
A minha morfogênese ancestral?!



Porção de minha plásmica substância,
Em que lugar irás passar a infância,
Tragicamente anônimo, a feder?...



Ah! Possas tu dormir feto esquecido,
Panteisticamente dissolvido
Na noumenalidade do NÃO SER!



Augusto dos Anjos in "Eu"

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