quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

ÚLTIMO CREDO





Como ama o homem adúltero o adultério
E o ébrio a garrafa tóxica de rum,
Amo o coveiro — este ladrão comum
Que arrasta a gente para o cemitério!



É o transcendentalíssimo mistério!
É o nous, é o pneuma, é o ego sum qui sum,
É a morte, é esse danado número Um
Que matou Cristo e que matou Tibério!



Creio, como o filósofo mais crente,
Na generalidade decrescente
Com que a substância cósmica evolui...



Creio, perante a evolução imensa,
Que o homem universal de amanhã vença
O homem particular que eu ontem fui!



Augusto dos Anjos in "Eu"

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