quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

NO DISFARCE DA NOITE


 
Deslizar em tua sombra no disfarce da noite.
Seguir teus passos, tua sombra na janela.
A sombra na janela é a tua, não outra, a tua.
Não abre essa janela atrás da qual te movimentas.
Fecha os olhos.
Queria poder fechá-los com meus lábios.
Mas a janela se abre e o vento, o vento
que, estranhamente, agita chama
e bandeira, encobre com seu manto minha fuga.
A janela se abre: não és tu.

Eu bem sabia.



Robert Desnos, tradução de Jorge Lúcio de Campos in Zunái - Revista de Poesias e Debates

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