domingo, 5 de fevereiro de 2012

As Esganadas - Jô Soares



Eu recebi este livro de presente de aniversário. Três vezes!!!! Troquei um pelo "Monsieur Pain", do Roberto Bolaño, outro minha amiga trocou pelo CD da  Thaís Gulin  e o terceiro eu vou ler. Será que gostarei? Meus amigos acertaram meu gosto? Sim, acertaram!



O livro segue os padrões americanos de bestsellers com fundo histórico: muita pesquisa, citação de pessoas reais, fatos verdadeiros, menção a marcas e produtos de época, jornais, rádios, músicas, etc. A gente sempre aprende muitas coisas do período enfocado no romance, mas aguenta um monte de cultura inútil também.


A estória começa em outubro de 1938 e segue por 39. Pode-se dizer contemporâneo da ação do livro "Mounsier Pain" (leia meus comentários aqui). Lá, uma Paris chuvosa, sombria, com cicatrizes da Primeira Guerra Mundial e às vésperas da Segunda Guerra, com efeitos da Guerra Espanhola - Franco x República, com ajuda dos alemães de Hitler. Aqui, Rio de Janeiro, cidade solar, capital do Brasil, sob a ditadura de Getúlio Vargas, entre os golpes da Intentona Comunista e o golpe fascista (Putsch) de Plínio Salgado (anauê!). Parece que Getúlio passou a perna no Plínio...


O Jô desenvolve bem a estória, envolvendo o leitor no enredo e seus personagens. Ele optou por revelar logo quem é o assassino, porque mata, como mata, como acha suas vítimas, etc. A graça do romance está em acompanhar como os "detetives" (um delegado de polícia, seu assistente, um detetive português dono de confeitarias, uma jornalista) conseguirão descobrir o assassino, numa ausência total de pistas. Nada mais posso dizer para não revelar o desfecho.


Jô coloca na trama várias pessoas reais interagindo com os detetives fictícios Por exemplo, Maria Clara Machado, filha do Aníbal Machado, pede autógrafo para Diana, a jornalista do grupo, que diz gostar dos livros do pai dela. Manoel de Oliveira, o cineasta da idade do Oscar Niemeyer),  aparece como  corredor e lançando seu primeiro filme (ainda hoje está filmando, aos cento e três anos, 32 filmes já feitos), competindo com Diana no Circuito da Gávea das "baratinhas" de corrida. Por coincidências, em janeiro fui correr na Rocinha (veja mapa do percurso no blog, mais abaixo), passando exatamente pela Estrada da Gávea e a Niemeyer, vias que faziam parte do circuito. Lógico que lembrei da Diana e do Manoel quando subia a íngreme Estrada da Gávea saindo de São Conrado. Mas isso é outra estória, outro post!


Em resumo, livro bom de ler, leitura agradável e descompromissada. Como livro policial, atende as expectativas.


Pode pedir o meu livro emprestado, mas com a promessa de devolução!!!


José FRID




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