terça-feira, 13 de março de 2012

Ênfase

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


1


Sem ênfase
As coisas permanecem
Sendo coisas.
O avião não levanta vôo
E o gesto não sai do corpo
Se não houver ênfase.
É a ênfase que arruma
A louça na cristaleira
E o lenço bordado na gaveta.
Sem ênfase
Ninguém salva as Flores
Do Mal. Nem as Cinzas
Das Horas.


2


Sem ênfase
As palavras morrem
Antes de nascer.
Nietzsche não vê Sils Maria
E Maiacovsky não se mata
Se não houver ênfase.
É a ênfase que dasarruma
o sofá na sala
e os livros na biblioteca.
Sem ênfase
ninguém arrisca o salto
alto. Nem a queda
no difícil.



Rubens Jardim na Revista Zunái

3 comentários:

Anônimo disse...

Para mim o Rubão (Jardim) é motivo de orgulho. belas poesias...e parabéns pelo seu bom gosto e sabia iniciativa com "segunda é dia de poesia". Abraço e até quarta às 19h30min no Café do Sesc Vila Mariana.

Lula

Anônimo disse...

Viva Drummond, ele sempre tem razão.....bj

Dulce

Anônimo disse...

Verdade

Margarida