terça-feira, 29 de maio de 2012

Que eu possa jazer no chão e dormir (Para Guilherme)



Se vivermos tempo o bastante,
o pesar se torna uma cicatriz recorrente na paisagem.


A morte apaga os pais, os amigos 
e os cônjuges
do mapa do nosso mundo,
desertificando e encolhendo o terreno.


Até a morte de pessoas de quem não gostávamos
especialmente
provoca a inquietante sensação
de que a nossa própria
extinção
está correndo ao nosso encontro certa e
impensável.


José FRID


Poesia alheia sobre resenha de Gary Indiana in Bookforum, tradução de Augusto Calil, in Sabático, Estadão, 10 de setembro de 2011.



6 comentários:

Anônimo disse...

...gosto do tema morte, mas não a vejo assim...para mim não é extinção...é diplomação, clímax, como alertava Heidegger, somos seres para a morte. Nascemos lançados à existência e podemos nos transformar pela angustia de viver em sendo seres-para-morte. Portanto, entendo a morte como sublimação da vida, par antitético, antagonicos complementares. A morte como uma espécie de merecimento por termos vivido. Só vive em plenitude quem não teme a morte. Eu não envelheço, coleciono idade, amadureço, e, fico cada vez mais intimo dela, caminhamos aprazivelmente lado a lado para o sem fim. Abraço !!!

Lula

Metamorfose Ambulante disse...

Bela visão! Só não a vejo como diplomação, clímax, merecimento, etc., pois todos morremos, independentemente de como vivemos. Para mim, a morte é apenas uma realidade à espera de nós, que não devemos temer, por ser inexorável.

Por outro lado, as pessoas podem envelhecer - a maioria, ou viver colecionando idade, ou seja, atemporal.


Selecionei estes dois poemas em homenagem a um colega que morreu na segunda de infarto fulminante. Tinha acabado de completar no sábado 59 anos. Esse viveu intensamente!!

Grande abraço!

José FRID

Anônimo disse...

Poesia triste.

Mas tudo é uma questão de como enxergamos a vida e no que acreditamos.

Bjos.

Teresa

Metamorfose Ambulante disse...

Não chega a ser triste, apenas realista, pelo menos neste mundo.

Frid

Anônimo disse...

Oila...w aí, como está? Deixe-me entender...o poema é seu? Seja lá de quem for, com relação ao seu, digamos, arremate, eu, particularmente ñ fico pensando em morte e nem em como vou morrer, já, q, como se sabe é a única certeza q temos, cedo (?) ou tarde (?), a isto ñ se pode responder, ao "estrearmos neste mundinho.
É a vida.

Aquele abraço...

Zelia

Metamorfose Ambulante disse...

É uma poesia alheia, ou seja, ver poesia num texto não já existente escrito por outro. Tem o manifesto da poesia alheia no meu blog. Eu não penso na morte ou como morrer, etc., mas fui tocado pelo texto.

Grande abraço!!

FRID