quarta-feira, 9 de maio de 2012

Sexo e amor, por Nelson Rodrigues




Naquele tempo (o de "Vestido de noiva") a Conde Lajes era o ponto alto do grafinismo da prostituição. Madame Clessy era uma gaúcha linda. Ficava besta: "Mas como é que ela está na vida?" – perguntava a mim mesmo. Daí é que veio a minha idéia de que a prostituta é vocacional. Fiz grandes investigações nos prostíbulos e nunca encontrei uma prostituta triste, uma prostituta que não tivesse a maior, mais absoluta, a mais plena satisfação profissional. Diziam-me que trabalhar é chato.


Por isso é que digo que a prostituta é vocacional. Se não é assim, por que a menina bonita e jeitosa vai para aquela vida e fica satisfeita? Por que ela não se mata? A prostituta só se mata por dor de cotovelo, quando seu cáften arranja outra e a abandona. Só assim. Fora disso não há suicídio de prostituta. Há suicídio de mulher honestíssima, mas não de prostituta.
Nelson Rodrigues in site "Nelson Rodrigues"
Meu comentário:
Assim como não há suicídio de mendigos! Por outro lado, pode-se falar em vocação quando não há coação sobre as mulheres, obrigadas a permanecer nos bordéis.
José FRID

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