O que dizer de Cosmópolis, filme de David Cronenberg com Robert Pattinson, Juliette Binoche, Paul Giamatti? Gostei ou não gostei????? Complicado! Mesmo em Cannes ele causou polêmica, muito aplaudido e também muito repudiado, rachando opiniões. No Brasil, os críticos de cinema adoraram, mas a maioria do público detestou. Eu fico no meio termo, gostei de parte do filme, outra parte achei desnecessária, verborrágica, até sem sentido.
O filme passe-se quase todo na limusine branca do bilionário Eric Packer (Pattinson) durante um dia agitado em Nova York. Ele quer cortar o cabelo numa barbearia que fica do outro lado da cidade, que enfrenta problemas no trânsito por causa da presença do presidente americano na cidade, isolando vários quarteirões, do enterro de um rapper famoso, com o caixão desfilando pelas ruas da cidade, de manifestações anarquistas, etc. A limusine é blindada, equipada como um escritório, com muitos computadores ligados à internet, banheiro, bar, cama, etc. Ele anda com vários seguranças e recebe médico, sócios, empregados, amantes, etc., na limusine. A gente fica conhecendo a vida dele exatamente por fragmentos dessas conversas. Como um crítico mencionou, "sequências de looooongos falatórios, sempre reflexivos sobre a decadência de um sistema econômico no qual o capitalismo é ao mesmo tempo vírus e vacina, ruim no sustentáculo". É a parte melhor do filme, por incrível que pareça.
Ele, Pattinson, parece apático o dia inteiro, não sei se é uma exigência do papel, ou o estilo de interpretação "Chuck Norris", que apresenta a mesma expressão facial chorando, rindo, triste, alegre, chateado, etc. Ele está preocupado com a aposta que fez contra o yuan, que não está dando certo e pode comprometer toda a sua fortuna. Mas a cara dele é de quem não está ligando. A expressão de Pattinson só se altera quando ele transa com a Binoche (cada dia melhor nos dois sentidos - "a participação de Juliette Binoche oferecendo o melhor de sua derrière para Patinson vai ficar na memória dos cinéfilos para além de Cannes") e com uma segurança. Com a esposa, tão neurótica quanto ele, com quem ele não transa há meses, a mesma expressão de chuchu. A sequência em que o personagem de Pattinson se submete a um exame de próstata feito em sua limusine em movimento, enquanto exalta os encantos sexuais de uma mulher é antológica. Penso que ele estava gozando com o médico mais até que com as mulheres. Caso de "próstata assimétrica".
O interessante é que o personagem Eric Packer (Pattinson) não é tão distante assim de reais bilionários relativamente novos . Qual seu interesse de vida se você for bilionário aos 28 anos? Ganhar mais dinheiro? Para quê? Comprar mais obras de arte? Um dos interesses do Eric no filme é comprar a Capela Rothko, teoricamente bem fora de mercado. Para ele é um desafio, como alguém não se rende ao dinheiro? Manda oferecer o dinheiro que for preciso. Só assim, pela métrica do dinheiro, a vida faria sentido para ele. Sexo? Comprado, tem tanta graça assim? Saúde? Todos são mortais. Poder fazer o que quiser? Ele chega a matar alguém no filme. Nem ter a vida em risco mexe com os sentimentos dele.
O final é que achei palavroso. O encontro de Eric com a pessoa que quer matá-lo é totalmente forçado. Não era para ele estar na frente da casa do assassino em potencial. A degradação do lugar onde eles vão discutir também é forçado. A discussão dos dois com armas na mão é tão boba como nos filmes de ação onde o mocinho e o bandido aproveitam o momento para explicar o filme, o que aconteceu nas outras cenas, justificar porque o bandido vai morrer, etc. Desnecessário.
Filme para rever na tevê a cabo ou em DVD.
José FRID
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