segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A descoberta da bebida e como virar o homem perfeito

Abri a boca e a torneira. Um líquido malcheiroso jorrou para dentro da minha goela. Cuspi tudo.

- Não seja um viadinho! Engula, caralho!

Abri novamente a torneira e minha boca. O líquido malcheiroso entrou e eu o engoli. Fechei a torneira e fiquei ali parado. Pensei que fosse vomitar.

- Agora é a sua vez de beber um pouco - eu disse ao  Carequinha.
- Claro - ele disse - não estou me cagando de medo!

Abaixou-se em frente de um barril e deu uma boa golada. Um merdinha daqueles não ia me superar. Fui até outro barril, abri a torneira e dei um gole. Fiquei de pé. Começava a me sentir bem.

- Ei, Carequinha - eu disse -, gostei desse negócio.
- Então, caralho, beba um pouco maia;

E foi o que fiz. O gosto estava melhorando. Eu estava melhorando.

- Esse negócio é do seu pai, Carequinha. Eu não devia beber tudo.
- Ele não se importa. Parou de beber.

Nunca me sentira tão bem. Era melhor do que masturbação.

Fui de barril em barril. Era mágico. Por que ninguém havia me falado a respeito disso? Com a bebida, a vida era maravilhosa, um homem era perfeito, nada mais poderia feri-lo.


Charles Bukowski in "Misto Quente", Coleção L&PM Pocket, abril de 2013,pág. 105

Nenhum comentário: