"Di Benedetto escrevia como se a realidade fosse simples. E isso não lhe bastava, fazia algo mais: escrevia como se escrever fosse simples."
"Sua visões do mundo oferecem sempre uma revelação, e, no seu emprego das palavras, abundam as descobertas (não descobre palavras, não as inventa, nada lhe é mais alheio que o rebuscamento; o que faz é extrair, das mesmas palavras, novas qualidades, no sentido em que se diz que são descobertas novas propriedades em uma substância já conhecida)".
"Em compensação, é preciso entender que a economia verbal de Di Benedetto como uma forma de riqueza. É uma escrita que se controla e se contém, mas deixando ver que há mais, que sempre há mais coisas."
"...é certo que Zama é um dos mais notáveis êxitos no seu gênero de toda a literatura latino-americana; também é certo que Di Benedetto se adiantou com a experimentação de uma escrita de puros objetos ou de puras ações, em que as conexões explicativas ou as marcas da subjetividade se vêem suprimidas por completo."
"A realidade pura e simples, diz Antonio Di Benedetto, é o objeto por excelência da sua literatura. E ele concebeu a escrita mais adequada para mostrá-la assim, pura e simples (os artifícios de escrita que permitem percebê-la assim, pura e simples).
Martín Kohan no prefácio de "Mundo animal e outros contos", Antonio Di Benedetto, Editora Globo, 2008, tradução de André de Oliveira Lima
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