Um de meus avós prosperou no comércio humanitário de comprar escravos doentes e tratar deles o suficiente para poder vendê-los (a melhor preço) como escravos sãos. Esse negócio, que combinava o lucro com a filantropia, permitiu que ele enriquecesse graças à saúde dos outros. Vi gravuras de escravos macilentos e esqueléticos e cobertos de pústulas e depois outras gravuras onde os mesmo escravos aparecem fortes, macilentos e cobertos de pústulas, ao lado de meu avô que aponta para eles, satisfeito, com o cabo do rebenque.
Ricardo Piglia in Respiração artificial, Companhia das Letras, 2010, págs.61/62
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