Quem morre sorri da morte.
Dante Milano
Quem parte fala da morte
a lição desconhecida.
Por isso quis o ouvido,
pai, colado à tua boca.
Eu que o tempo tenho escrito
e lido desejos vivos
pu-me ouvinte do silêncio
antes que ele se fechasse
em sua boca, resumido.
Ouvi, sim, aquela música
da emancipação antiga,
à margem, sim, das palavras
que nos remendam, as tímidas.
Queria tua narrativa,
um pedido, prosa pequena
que meu corpo atenderia;
mas não ouvi mais que um sopro,
um insuspeito suspiro, resíduo
do teu primeiro vagido,
teu susto de recém-nascido.
Alcides Villaça in Ondas Curtas, Cosac Naify, 2014, pág.87
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