sábado, 16 de maio de 2015

Poética


I.
O coração da poesia
são as metáforas


Para inventá-las
há que evitá-las



II.
O coração da poesia
bate no ritmo.


Nunca o paralisa
o ritmo dos silêncios



III.
O assunto da poesia
é outra coisa


Quanto mais idêntica a si mesma
Mais familiarmente estranha



IV.
A fonte da poesia
somos nós


Nossa bravura
Nossa covardia
Nossa bela incompetência



V.
O destino da poesia
sobrevive à folha
e à voz das traças



VI.
A missão da poesia
é muito precisamente
ser
o que
não 
fora 
da poesia


VII.
A morte da poesia 
não nos reconhecerá



Alcides Villaça in Ondas Curtas, Cosac Naify, 2014, págs.23/24

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