domingo, 15 de novembro de 2015

...distância!

(...)

"Ralph, recuso-me a desculpar-me pelo que aconteceu a noite passada, a menos que você explique de maneira aceitável o que há de mal em desejar vê-lo. Pensei que pelo menos pudesse ficar no mesmo quarto com um homem que não tentasse forçar-me ou convencer-me, ou confundir-me, alguém de que eu gostasse e que respeitasse, com quem me aproximasse mais de algo dentro de mim que valesse a pena e fosse real. Tinha a impressão de que você não vivia num mundo de sonhos, e depois do bebê, muitas vezes duvido se também vivo. Não queria fazer amor. Ás vezes, parece que você só tem capacidade para remover gavetas de senhoras. Não mais farei visitas espontâneas depois das dez da noite. Foi apenas uma vontade, a necessidade de falar com alguém, com quem não estivesse envolvido, que me fez escolher você, embora de certa forma deseje envolver-me, pois há um lado meu que deseja estar em seus braços, enquanto o outro insiste em que o que eu quero realmente é sua amizade, seus conselhos e... distância. Parece que não quero admitir claramente que você me perturba, mas isso não quer dizer que eu não pense que você tem alguma coisa de louco..."

Philip Roth in O Professor de desejo, Círculo do Livro, tradução de Gabriella de Mendonça Taylor, pág.120, 



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